Museu da Língua Portuguesa reabre em julho

Primeira mostra do museu do Governo de São Paulo tem curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos e ficará em cartaz até 3 de outubro

Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo

O Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, reabre ao público a partir de 31 de julho com a exposição temporária ‘Língua Solta’.

Com curadoria de  Fabiana Moraes e  Moacir dos Anjos, a mostra revela a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano por meio de um conjunto de artefatos que ancoram seus significados no uso das palavras, como objetos da arte popular e da arte contemporânea, apresentados de maneira diversificada.

Ao todo, 180 peças compõem a exposição, em cartaz no primeiro andar do museu até 3 de outubro. Logo no início, uma das pontas de entrada na sala exibe Eu preciso de palavras escritas, manto bordado por Arthur Bispo do Rosário e, na outra, quatro estandartes de maracatu rural, trazidos de Pernambuco para a mostra.

 Ciete Silvério/Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo

Atrás dos estandartes, uma parede exibe a projeção de memes do coletivo Saquinho de Lixo e, na parede oposta, o mural  Zé Carioca e amigos (Como almoçar de graça), de Rivane Neuenschwanderconvida o público a escrever e desenhar em giz o que lhe passar pela cabeça naquele momento, numa parede transformada em base para histórias em quadrinhos.

Nos primeiros metros do percurso, portanto, os visitantes terão contato com o embaralhamento proposto pelos curadores e que dá a tônica de toda a exposição, conectando a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto, de religião e de sobrevivência – sempre atravessados pela língua portuguesa.

Cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e rótulos de cachaça se misturam em todo o espaço às obras de Mira Schendel, Leonilson, Rosângela Rennó, Jac Leirner, Emmanuel Nassar, Elida Tessler e Jonathas de Andrade, dentre outros artistas contemporâneos.

“A língua é solta porque perturba os consensos que ancoram as relações de sociabilidade dominantes, tanto na vida privada quanto na pública. Incorporada em imagens e objetos diversos, ela sugere outros entendimentos possíveis do mundo. E tece, assim, uma política que é sua”, diz Moacir dos Anjos. O projeto assume a língua como operador social que não somente reflete, como também reorganiza formas de vida.

A mostra abriga, de modo intuitivo e lúdico, algumas das estratégias criativas que, estruturando imagens e objetos os mais distintos, sugerem e desdobram o poder que a língua tem de emancipar. “A gente entende que a língua é um espaço de disputa de poder e vai se refletir em questões várias do Brasil – de raça, de classe, de gênero e de geografias”, afirma Fabiana Moraes.

Os curadores destacam a obra de Maria de Lourdes, caruaruense, evangélica, que vende livros artesanais datilografados por ela mesma, a menos de R$ 1,00. Maria circula com um crachá com seu nome e a profissão autodeclarada de escritora pelas ruas da cidade, pouco preocupada com as estruturas culturais e mercadológicas que costumam chancelar quem pode ou não dizer-se escritor – numa forma involuntária de quase-protesto.

(Com informações de Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo)

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