A pé ou de bicicleta, peregrinos que não medem esforços para ir ao Santuário Nacional contam com um espaço de solidariedade e fé no meio do caminho
João Francisco dos Santos, 64, saiu de Diadema (SP) rumo ao Santuário Nacional de Aparecida em sua bicicleta. Vai percorrer em três dias aproximadamente 190 quilômetros. Nas costas, uma mochila com alguns itens básicos (roupa, toalha, um lençol, água e frutas); no braço, uma sacola com mensagens escritas à mão que vai entregando aos que encontra no caminho.
À reportagem, o aposentado contou que, todos os anos, desde 2015, vai de bicicleta a Aparecida para agradecer a Nossa Senhora pelo o dom da vida, a saúde e a família. “Pedalar por três dias é ainda pouco diante das infinitas graças recebidas sob a intercessão de Nossa Senhora Aparecida”, disse o homem que há 40 anos faz a romaria. “São quatro décadas indo ao Santuário Nacional, anualmente, primeiro em caravanas, agora com a minha companheira de duas rodas”, recordou, enfatizando que “nenhum caminho é longe demais quando estamos pedalando rumo a Casa da Mãe”.
No Ponto de Apoio Somos da Imaculada, João Francisco faz uma pausa. De joelhos diante do pequeno altar com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, ele se une às orações e cantos entoados pelos voluntários do projeto, que surgiu em 2019 para ajudar os peregrinos que estão a caminho da Casa da Padroeira do Brasil.
Localizado anexo ao Rancho da Pamonha, na Rodovia Presidente Dutra, km 189, no município de Santa Isabel (SP), no período de 7 a 11 de outubro, mais de 25 voluntários oferecem alimentação, café, leite, água, massagem, banheiros, local de descanso, medicamentos, curativos, atendimento por enfermeiros e todo o suporte para os fiéis, além de momentos de oração e missas.
O Ponto de Apoio Somos da Imaculada é um grupo sem fins lucrativos, liderado por voluntários de paróquias da Região Episcopal Santana que atua graças às doações recebidas dos paroquianos e de pequenos comércios. Em 2019, o grupo atendeu cerca de 2,5 mil romeiros; já em 2021 foram 3,5 mil pessoas. Neste ano, acolheu mais de 5 mil romeiros.
ROMARIA A PÉ
Laerte e Renata França, 35, criaram o grupo de apoio após uma de suas filhas gêmeas nascer com cardiopatia congênita grave. Durante os momentos de internação e cirurgias, contaram com as orações de amigos e familiares. Após a recuperação da saúde da filha, o casal partiu em romaria a pé ao Santuário de Aparecida, para agradecer a graça alcançada.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Renata contou a experiência dos três dias peregrinando. “Na estrada, fomos tão bem acolhidos e recebidos pelos pontos de apoio, que com amor e dedicação acolhem e disponibilizam todo suporte aos fieis”, ressaltou.
A idealizadora do Somos da Imaculada falou que, em gratidão, decidiu criar um novo ponto de apoio a fim de possibilitar aos romeiros um momento de descanso para renovar as energias para a jornada, que é um caminho de fé e renovação interior. “Quem faz a peregrinação sai de casa de um jeito e volta totalmente transformado. É um processo de cura interior, de encontro consigo e com Deus”, afirmou Renata, destacando que fica ajudando no ponto de apoio enquanto o esposo continua todos os anos fazendo a caminhada até o Santuário e, no dia da Padroeira a família se reencontra aos pés da imagem da Virgem de Aparecida, no Santuário.
‘ANJOS’ DA RODOVIA
José Martins, 35, é voluntário no Somos da Imaculada. Ele destacou que o objetivo do ponto de apoio é ser luz, alento e proporcionar um pouco de conforto ao romeiros. “Aqui a fé, a gratidão e a busca de Deus são as palavras chaves que movem nossas ações. Cada peregrino que chega deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. É um encontro de devoção que nos impulsiona a fazer o bem”, disse, recordando os tantos testemunhos compartilhados pelos peregrinos.
Vera Lucia Mendonça da Silva é a proprietária da marca Rancho da Pamonha. Durante o período da festa da padroeira, ela se dedica em tempo integral como voluntária com o grupo Somos da Imaculada.
“Antes do ponto de apoio chegar, eu já montava uma barraca para ajudar os romeiros. Agora, juntos, somos mais fortes e conseguimos atender um número maior de caminhantes”, disse enquanto descarregava de seu carro as doações para os romeiros.
Vera destacou a importância de servir com fé e ajudar o irmão que caminha, expressando sua fé em Maria. “Nossa contribuição pode ser pequena, mas, com certeza, faz a diferença na vida de quem está cansado, com fome e com os pés machucados”, falou, recordando a passagem bíblica do caminho de Emaús (Lucas 24,13-18), em que Jesus caminha com os discípulos e reparte o pão.
Ana Julia de Freitas Martins, 15, é voluntária do Somos da Imaculada pelo segundo ano. “Venho com meus pais no fim de semana para ver a fé e a alegria dos peregrinos. Aqui, ajudo a distribuir os lanches um gesto simples que faz toda a diferença, pois estou aprendendo na catequese a como partilhar com o irmão o pão que sacia a fome e o pão da Palavra”, disse, referindo-se aos momentos de oração e a passagem bíblica de Marcos 8,1-10 – “partiu o pão e distribuiu entre os seus”.
Isabel Silva, 21, é voluntária do ponto de apoio pela primeira vez. “Já quero voltar no próximo ano. Vim achando que ia ajudar o próximo, mas confesso: quem mais foi ajudada fui eu ao ver a fé e o testemunho destes milhares de pessoas”.
Fernanda Costa, 30, é postulante da Comunidade Servas de Nossa Senhora da Alegria e ajuda os voluntários nas atividades orantes e litúrgicas. “O testemunho de fé de cada romeiro é uma verdadeira oração”, disse.
COM FÉ
Talita Aguiar Dorneles, 35, advogada, e seu pai Telmo José Domingues Dorneles, 61, são da capital paulista e foram a pé ao Santuário Nacional pela primeira vez. O motivo: agradecer a Deus pela vida.
“Toda a família pegou COVID-19. Foram dias difíceis e graças à proteção de Maria, estamos todos curados e com saúde”, disse Telmo Dorneles.
Luana Ferreira dos Santos, 18, foi a pé a Aparecida pela segunda vez. De Guarulhos (SP), a jovem caminha para agradecer as graças alcançadas. “Estou muito emocionada em poder voltar à Casa da Mãe. Vivemos tempos difíceis, cercados de tantas incertezas e tribulações. Com a Mãe, fica mais leve a jornada cotidiana”, assegurou.
Alicia Paiva, 36, boliviana, mora em Itaquaquecetuba (SP). Ela decidiu fazer a romaria de quase 160 quilômetros a pé para agradecer a graça do filho ter se curado de uma doença grave. “No caminho, venho rezando o Terço, cantando e refletindo as passagens bíblicas e da minha vida”, disse, enquanto recebia uma massagem nos pés oferecida pelo Somos da Imaculada.
Douglas Lima, 29, analista fiscal, coordena uma equipe de 59 romeiros do Terço dos Homens da Paróquia Santo Antônio dos Pimentas, em Guarulhos. Ele chegou ao ponto de apoio carregando nas costas uma cruz. “A peregrinação é uma expressão de fé individual e coletiva do nosso grupo. A cruz recorda a trajetória de Cristo em remissão dos nossos pecados”, disse.
Amaro do Prado Rocumback, 78, partiu pela 8a vez de Embu das Artes (SP) rumo a Casa da Mãe. Ele caminha em média 60 quilômetros por dia. “Sacríficio? Que nada! Essa caminhada é a maior alegria da minha vida. Enquanto tiver condições de seguir a pé pela rodovia quero aqui testemunhar o quanto sou abençoado por minha Mãe Morena”, falou emocionado.
APOIO DA PRF
Isabela Rosa, 26, é inspetora da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ela frisou que a cada ano, as ações dos pontos de apoio e a PRF estão caminhando mais unidas em prol do romeiro. “Buscamos estar sempre atentos e disponíveis para proporcionar ao peregrino segurança durante a rota de caminhada”, disse.
A policial recordou a existência do aplicativo PRF Peregrino como um suporte aos romeiros. “No aplicativo, o romeiro encontra informações importantes para a jornada, tais como as dicas para tornar o percurso mais seguro nas rodovias, pontos turísticos na rota e a sinalização dos pontos de apoio e da PRF ao longo do trajeto”, sublinhou.
O aplicativo está disponível no Play Store ou Apple Store e pode ser baixado. “Ao concluir a peregrinação, o romeiro terá à sua disposição um certificado de conclusão da rota em formato digital”, ressaltou a inspetora.
Me chamo rosemares tenho 54 anos sou d cidade d paraisopolis mgg sai a pe gastri 3 dias pra cheg na casa d mae com canseira dor sono mas quand a vi a imagem d nossa senhora eu so olhei pra ela e disse em silêncio pra tirar minh dor q eu estava chegando e sim ela me aliviou a dor o cansaço Eu sou peregrina e fui pela primeira vez e irei voltar ano q vem q nossa senhora me abençoe sempre dando saúde e força foi uma experiência muito forte e emocionante ao cheg na casa d mae aparecid am