O adeus a Dom Mauro Morelli, aos 88 anos

Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Confiantes na sabedoria e no poder de Deus, queremos testemunhar e anunciar o Evangelho de Cristo a todo esse povo a quem Deus muito ama. Proclamamos com vigor a soberania de Deus, Pai e Criador de todos e de tudo. Tudo é Dele e tudo foi por Ele dado a todos e a cada um de seus filhos. Queremos reunir o povo disperso, promover a participação e comunhão, pois a isso somos chamados pelo Pai em Jesus Cristo”.

Com estes propósitos, em junho de 1981, Dom Mauro Morelli chegava à recém-criada Diocese de Duque de Caxias (RJ), após ter sido nomeado por São João Paulo II em 25 de maio daquele ano. Seis anos antes, em 25 de janeiro de 1975, ele recebera na Catedral da Sé a ordenação episcopal pelas mãos do Cardeal Paulo Evaristo Arns e desde então atuava como Bispo Auxiliar de São Paulo.

Na madrugada da segunda-feira, 9, aos 88 anos, Dom Mauro Morelli faleceu em um hospital na cidade de Belo Horizonte (MG). Ele era Bispo Emérito de Duque de Caxias desde 2005. O velório e sepultamento ocorreram na terça-feira, 10, na Catedral de Santo Antônio, em Duque de Caxias.

A SERVIÇO DA IGREJA E DOS MAIS POBRES

Nascido em Avanhandava (SP), em 17 de setembro de 1935, e criado em Penápolis, também no interior paulista, Dom Mauro Morelli fez seus estudos de Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão (RS), e de Teologia na Saint Mary’s Seminary and University, em Baltimore, nos Estados Unidos, onde foi ordenado presbítero em 28 de abril de 1965. Entre 1966 e 1974, atuou na Diocese de Piracicaba e também foi Secretário do Regional Sul 1 da CNBB entre 1971 e 1975, até ser nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo por São Paulo VI.

“Sinto-me honrado e privilegiado pelos dez anos de fraternidade e companheirismo com o saudoso franciscano pastor das periferias geográficas e existenciais, intrépido defensor da dignidade humana e promotor de democracia, Paulo Evaristo Arns, que me ordenou bispo”, escreveu Dom Mauro, quando do falecimento de Dom Paulo Evaristo em dezembro de 2016.

Entre 1986 e 1990, Dom Mauro atuou no SER-PAJ-AL, uma organização internacional de defesa dos direitos humanos e órgão consultivo da ONU. Foi ainda um dos fundadores do Movimento pela Ética na Política. Além disso, presidiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) durante o governo de Itamar Franco, de 1993 a 1994, e liderou o Consea-MG e o Consea-SP. Também foi membro do Comitê Permanente de Nutrição da ONU e um dos idealizadores dos projetos Fome Zero e a Ação da Cidadania contra a Fome, em parceria com o sociólogo Hebert de Souza, o Betinho.

CONDOLÊNCIAS

“Desejamos, ao perceber os sinais de esperança, expressar nosso louvor ao Deus sábio, amoroso e misericordioso que nos concedeu a graça de ter Dom Mauro Morelli como nosso primeiro pastor. Com confiança na ressurreição, proclamamos em uma só voz: ‘Vem, Senhor Jesus!’ Descanse em paz, Dom Mauro! Nossa Igreja tão querida o guardará no coração”, manifestou, em nota de pesar, Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, Bispo de Duque de Caxias.

“Dom Mauro se destacou no serviço à Igreja, por meio dos diversos serviços pastorais que desempenhou em âmbito local, regional e nacional, desde o presbiterato. E também na luta pela dignidade humana, especialmente na incansável mobilização pelo ‘alimento, dom de Deus, direito de todos’. Esta mobilização lançada em 2002 por esta Conferência, o Mutirão Nacional de Superação da Miséria e da Fome, traduz uma pequena parte de sua atuação nas inúmeras iniciativas nacionais e internacionais em favor de um dos direitos mais basilares da pessoa humana”, escreveu a presidência da CNBB após a morte de Dom Mauro Morelli.

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários