Para amar e servir a Deus na vida contemplativa

Jovem religiosa carmelita professa os votos solenes para a vida no silêncio da clausura, em comunhão com a Igreja e com a humanidade

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Solange de Lima Tabosa, 38, nasceu no bairro do Capão Redondo, zona Sul de São Paulo. Filha de Maria das Dores e Francisco de Assis Tabosa, é a terceira de seis irmãos.

Ela sentiu o chamado à vida consagrada aos 14 anos de idade, na Catequese, enquanto se preparava para a primeira Eucaristia. Participava da comunidade e do grupo de jovens no Santuário São José Operário, na Diocese de Campo Limpo.

“Costumo dizer que Deus me escolheu desde o ventre materno (Jr 1,5). Ele preparou com muito amor o meu caminho e discernimento vocacional. Sempre quis consagrar minha vida a Deus, para ser toda Dele”, disse.

No domingo, 15, a agora Irmã Maria Bernadete do Menino Jesus professou os votos solenes no Mosteiro Santa Teresa, das Carmelitas Descalças, na zona Sul da capital paulista, durante missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Vittório Moregola, Capelão do Carmelo, e o Frei Edinaldo da Silva, Carmelita Descalço. Estiveram presentes os pais, irmãos e familiares da professanda.

Caminho de busca

Na juventude, movida pelo desejo de se consagrar a Deus, ela participou durante quatro anos da Comunidade Missionária de Villaregia, que tem a missão Ad Gentes.

Cursou Enfermagem e atuou por um período em um hospital. Inquieta, na busca de corresponder aos apelos de Deus, começou a participar de encontros vocacionais nas congregações.

“Uma amiga me falou do Carmelo e, então, escrevi uma carta expressando meu desejo de conhecer e me consagrar. Quando li a resposta da Madre sobre a vida e a missão carmelitas, fiquei apaixonada e comecei o acompanhamento vocacional”, recordou.

“Conhecer outros carismas me fez ter a certeza de que Cristo me chamava para uma vida de entrega e radicalidade total: foi na vida monástica que encontrei o ideal e o sentido pleno da minha vida”, afirmou.

Etapas formativas

Impelida pelo chamado de Deus, deixou tudo: família, amigos, profissão, e ingressou, em 2015, na Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, aos 32 anos, onde fez as primeiras etapas formativas: aspirantado, postulantado e noviciado.

Professou os primeiros votos religiosos em 8 de setembro de 2018, assumindo o carisma do Carmelo, a vida de silêncio, oração e clausura.

Por ocasião dos primeiros votos, seguindo as constituições do Carmelo, a Noviça troca de nome. Solange passou, então, a se chamar Maria Bernadete do Menino Jesus.

Sim para sempre

Luciney Martins/O SÃO PAULO

A Irmã Maria Bernadete confirmou seu sim a Deus por toda a sua vida, por meio da vivência dos votos de pobreza, castidade e obediência no Carmelo.

Professar os votos solenes é um ato decisivo na vida consagrada religiosa, um sim para a vida toda no seguimento a Cristo na Igreja, a serviço dos irmãos.

“Meu coração exulta de alegria. O sim definitivo é uma expressão e confirmação do grande amor de Deus em mim”, expressou a Carmelita ao fim da celebração.

Na homilia, Dom Carlos Lema Garcia destacou que Irmã Maria Bernadete celebra a sua profissão perpétua, consagrando-se de maneira definitiva a Deus para o bem da Igreja e da humanidade: “Assume uma decisão de entrega total da sua vida a Deus, aceita por toda a sua existência o compromisso de viver para sempre fiel a seu Esposo, Jesus Cristo”.

A família é conhecida como berço de santas vocações. Na vida religiosa, os pais e irmãos desempenham um papel de intercessores e apoiadores na decisão vocacional.

“Deus é generoso demais, me deu filhos maravilhosos, uma filha consagrada que, no seu silêncio, reza pelo mundo e acolhe em suas orações as preces da humanidade. Gratidão e felicidade definem o meu coração”, disse emocionada a mãe, Maria das Dores.

“Já vivi muitas alegrias como pai, com meus filhos, mas ver o sim da minha filha a Deus é um momento indescritível”, disse o pai, Francisco Tabosa.

Vida contemplativa

Irmã Maria Bernadete afirma que a vida contemplativa não pode ser compreendida como uma fuga da realidade, mas como uma busca profunda de Deus, por meio do encontro consigo mesma, oportunidade de conversão diária, em vista da santidade.

“A vida aqui no Mosteiro é uma liberdade que me permite estar com Deus e com os irmãos por meio da oração. Não é uma ideia, é algo concreto”, afirmou a neoprofessa, sublinhando que o Senhor a chama para viver a sua consagração como uma entrega total a Ele e a serviço do seu povo.

“Sou muito feliz e realizada na minha vocação. Deus me chamou para ser uma intercessora, na vida contemplativa, para amá-lo e servi-lo, e também aos irmãos, de forma integral e total”, disse a Religiosa, que vive no Carmelo Santa Teresa há seis anos.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Sede de Deus

Irmã Maria José de Jesus é a Priora do Mosteiro e destacou que o que atrai as jovens para a vida consagrada de clausura é a sede de Deus.

“O Carmelo atrai homens e mulheres a uma adesão radical ao seguimento a Cristo na vida religiosa por meio dos votos evangélicos de pobreza, obediência e castidade, silêncio e oração”, disse a Madre, pontuando, ainda, que o testemunho dos santos fundadores do Carmelo, da vida marcada pela fidelidade, alegria e a contemplação atraem as jovens numa resposta ao chamado de Deus com fé e coragem.

“Aqui no Carmelo, somos 18 irmãs de votos solenes, duas noviças, duas postulantes e uma aspirante, unidas no ideal de seguimento a Cristo na radicalidade do seu Santo Evangelho”, afirmou a Priora, destacando que as Carmelitas estão no silêncio, reclusas do mundo, contemplando e apresentando a Deus, diariamente, os pedidos e clamores da humanidade.

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