Pastoral da AIDS reforça para 2022 compromisso do cuidado com a vida e com os Direitos Humanos

Completando duas décadas de existência no âmbito da Igreja Católica no Brasil, a Pastoral da Aids – em atividade desde 2002, procura expressar em todo o país, na linguagem da Igreja, o trabalho de conscientização e prevenção ao HIV, também no acolhimento e acompanhamento das pessoas que vivem e convivem com HIV e AIDS.

Foto: Arquivo /Pastoral da Aids

A pastoral integra a Comissão Episcopal Pastoral Para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem presença organizada em 17 regionais, que compreende 25 Estados da federação, e 75 dioceses. Há atuação de agentes em processo de organização em outras 100 dioceses. O trabalho é desenvolvido por agentes voluntários, priorizando as áreas de educação preventiva, incentivo ao diagnóstico, acolhimento, acompanhamento de pessoas vivendo com HIV e incidência política.

De acordo com a Secretaria Nacional, a pastoral, em sintonia com o chamamento do Papa Francisco e da CNBB, reforça o compromisso do cuidado com a vida (bem maior), com os Direitos Humanos, com políticas públicas equitativas e igualitárias. “Contudo, ainda estamos em pandemia, tempo de cuidado redobrado consigo mesmo e com os outros. Tempo de distanciamento social, de não aglomeração de pessoas, de uso de máscara e álcool em gel.”, ressalta.

Ainda segundo a pastoral, “procuramos organizar um planejamento que respeite estes cuidados, sem esquecer que o HIV continua existindo e ainda é necessário reforçar o direito que as pessoas têm de ter acesso ao diagnóstico oportuno, tratamento e medicação, além de acesso facilitado aos insumos de prevenção, nas suas variadas possibilidades.”

Planejamento 2022

Para este ano, a Pastoral da Aids volta seu olhar para a construção coletiva do novo Plano Pastoral 2023-2026, que será elaborado com a contribuição de cada regional durante o ano, culminando na Assembleia Nacional prevista para acontecer em setembro na cidade de Vitória, atual sede da Secretaria Nacional.

Além disso, serão realizadas as três atividades fixas do calendário: a Vigília pelos mortos de Aids em maio, Campanha da Acolhida e Solidariedade em agosto e a Campanha alusiva ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids no dia 1º de dezembro.

“Ainda iremos permanecer com nossas campanhas de arrecadação de doações diversas para que possa ser um alento a tantas famílias por nós assistidas e necessitadas.”, destaca a secretaria nacional.

No limite da vida

O universo que envolve a epidemia do HIV é complexo. A Pastoral da Aids aponta que muitas pessoas são reticentes a este trabalho e muitas vezes se experimenta fracassos e desilusões.

“Temos convicção de que muita gente redescobre o sentido da vida por causa do contato com a Pastoral e seus agentes.”, diz a secretaria Nacional.

E continua “atuamos num terreno movediço, com pessoas de diferentes credos, muitas sem nenhuma vinculação religiosa. Lidamos com o limite da vida, com pessoas que estão na marginalidade e com muitas dificuldades de se reintegrarem. No entanto, estamos nestes ambientes para manifestar o rosto misericordioso de Deus e sinalizar o amor incondicional do Pai que nos ama apesar de tudo.”, ressalta.

A Pastoral da AIDS trabalha em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil, à medida que coloca suas ações em sintonia com o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, assegurando dessa forma, em lugar de sobrepô-las, a ampliação das respectivas ações.

Principais campos de atuação

O Plano da Pastoral da AIDS aprovado na última assembleia de outubro de 2019, estabeleceu quatro linhas principais e norteadoras de ação: formação de agentes, prevenção, acompanhamento das pessoas vivendo e convivendo com HIV e incidência política. São elas que dão o rosto e a contribuição da Pastoral da AIDS para o enfrentamento da epidemia no Brasil.

Formação de Agentes

Capacitação agentes da Pastoral da Aids Regional Nordeste 2. (Foto de Divulgação)

Uma das tarefas assumidas pela Igreja e que serviu também para implantar a Pastoral da AIDS foi a sensibilização e capacitação de agentes para atuar na prevenção e no acompanhamento de pessoas e famílias tocadas pelo HIV. A cada ano, desde 2003, são realizados eventos para preparar novos agentes de pastoral e atualizar aqueles que estão atuando.
Com o objetivo de fomentar a criação e fortalecer as equipes de agentes em vista do desenvolvimento das ações da Pastoral da AIDS, levando em consideração seu perfil eclesial, as capacitações de formação de agentes, além de sensibilizar para a realidade da AIDS, favorece o aprofundamento e troca de experiências, comprometendo e levando os agentes ao engajamento.
Articuladas por uma equipe de coordenação nacional formada pelos coordenadores regionais, as equipes de agentes ajudam na mudança de mentalidade frente à epidemia e no envolvimento da Igreja no seu controle.

Prevenção

Objetivando incentivar a cultura do cuidado através da divulgação de informações e orientações para a prevenção, o diagnóstico precoce e promoção de atitudes responsáveis em vista da diminuição de novos casos de HIV/AIDS, a Pastoral da AIDS neste campo, desenvolve atividades como: ações educativas em grupos comunitários, escolas e empresas; disponibilização de material informativo; realização da Vigília pelos mortos de AIDS; participação na mobilização do Dia  Mundial de Luta contra a AIDS; participação em romarias diocesanas e outros eventos com grande concentração de pessoas como feiras, exposições para oferecer informações e material informativo, organização de Ações Comunitárias para incentivo ao diagnóstico precoce; divulgação de informações em recursos midiáticos em nível nacional (aproveitando as novas tecnologias, redes sociais); estabelecimento de parcerias com outras pastorais, grupos e movimentos que acessem populações-chave.

Acompanhamento das pessoas que vivem e convivem com HIV e AIDS

Na Paraíba, Casa João Paulo II garante acolhida e assistência a pessoas vivendo com HIV (Foto de Arquivo)

O objetivo dessa linha é de acompanhar pessoas e famílias que vivem e convivem com HIV e AIDS, manifestando a presença misericordiosa de Deus, promovendo o acesso aos direitos e cumprimento das próprias responsabilidades, em vista da melhoria da qualidade de vida.
O acompanhamento é realizado através de: visitas domiciliares e hospitalares; organização de espaços de acolhida para pessoas vivendo e convivendo com HIV e AIDS; orientação para a defesa dos direitos das pessoas que vivem com HIV e AIDS, promovendo os Direitos Humanos e a superação do estigma e do preconceito.

Incidência Política

Promovendo a formação dos agentes de pastoral para a participação nas instâncias de controle social e nos espaços de articulação da ação social da igreja, a Pastoral da AIDS neste campo evoluiu de forma sistemática e efetiva. Os agentes da pastoral foram se compreendendo como agentes sociais e descobriram a importância da inserção nos espaços de incidência política e controle social, onde se acompanha a implementação e se faz a fiscalização das políticas públicas, sobretudo do campo da saúde. Concretamente, os agentes da Pastoral da AIDS procuram garantir acesso ao tratamento e à prevenção.

Fonte: CNBB

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