Texto publicado em julho de 2021
Em 9 de Julho, a Igreja celebra a memória de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, religiosa italiana que dedicou parte da sua vida ao serviço da caridade em São Paulo, sendo considerada a primeira santa do Brasil.
Nascida no dia 16 de dezembro de 1865, em Vígolo Vattaro, Trentino Alto Ádige, no norte da Itália, Amábile Lúcia Visintainer chegou ao Brasil com a família no ano de 1875. Desde pequena ajudava na Paróquia de Nova Trento, especificamente na Capela de Vígolo, como paroquiana engajada na vida pastoral e social.
Amábile dedicava-se de corpo e alma à caridade, servia consolando e ajudando os necessitados, os idosos, os abandonados, os doentes e as crianças. As obras já eram reconhecidas e notadas por todos, embora não soubesse que já se consagrava a Deus.
CONGREGAÇÃO
Em 12 de julho de 1890, Amábile junto com sua amiga Virgínia Rosa Nicolodi, deram início à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição (primeira congregação religiosa feminina fundada em solo brasileiro), onde atuavam como enfermeiras. Um ano depois, a Congregação ganhou mais um membro, Teresa Anna Maule. Juntas fizeram os votos religiosos e Amábile recebeu o nome de irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus e nomeada superiora, passando a ser chamada de madre Paulina.
A santidade e a vida apostólica de madre Paulina e de suas irmãzinhas atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam. Além do cuidar dos doentes, das crianças órfãs, dos trabalhos da paróquia, trabalhavam também na pequena indústria da seda para poderem sobreviver.
Em 1903, Santa Paulina foi eleita, pelas Irmãs como superiora geral. Nesse mesmo ano, foi convidada a transferir-se para o Ipiranga em São Paulo, foi quando iniciou a obra da “Sagrada Família” para abrigar os ex-escravos e seus filhos depois da abolição da escravatura.
HUMILDE E OBEDIENTE
A Congregação cresce nos estados de Santa Catarina e São Paulo. As Irmãs assumem a missão evangelizadora na educação, na catequese, no cuidado às pessoas idosas, doentes e crianças órfãs.
Santa Paulina foi deposta do cargo de Superiora Geral pela autoridade eclesiástica e enviada para Bragança Paulista, a fim de cuidar de doentes e asilados, onde testemunha humildade heroica e amor ao Reino de Deus. Compreendendo que a obra é de Deus e não sua, ela se submete humildemente e permanece por nove anos naquela missão.
Em 1918, Santa Paulina é chamada a viver na sede Geral da Congregação com o reconhecimento de suas virtudes, para servir de exemplo às jovens vocações da sua congregação. Nesse período, destacou-se pela oração constante e pela caridosa e contínua assistência às irmãzinhas doentes.
Santa Paulina morreu serenamente aos 76 anos, na Casa-Geral de sua Congregação em São Paulo, no dia 9 de julho de 1942, após grandes sofrimentos com diabete. Foi beatificada por São João Paulo II em 1991, em Florianópolis (SC), durante sua segunda viagem apostólica ao Brasil. Sua canonização foi celebrada em 19 de maio de 2002, na Praça São Pedro, no Vaticano, pelo mesmo Pontífice.
MODELO DE SANTIDADE
Na homilia da missa de beatificação, São João Paulo II destacou que Madre Paulina soube converter todas as suas palavras e ações em um contínuo ato de louvor a Deus.
“Durante a juventude pediu a Deus a graça de entrar na vida religiosa com o único fim de amá-Lo e de servi-Lo com a maior perfeição possível. Sua conformidade com a vontade de Deus, levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos, especialmente no período, particularmente heroico, da sua destituição como superiora geral da Congregação por ela fundada”.
O Santo Padre ressaltou que a vida da religiosa se caracterizou pela capacidade de se manter constantemente unida a Deus e, ao mesmo tempo, de desenvolver um intenso trabalho pelo bem das almas. “A Igreja a propõe, a partir de hoje, como modelo de vida a ser admirado e imitado”, afirmou o Papa, na ocasião.
Santa Paulina foi canonizada com mais outros quatro beatos na missa da Solenidade de Pentecostes. Ao se referir a “santa do Brasil”, São João Paulo II afirmou que ação do Espírito se manifestou de modo especial na vida e missão de Madre Paulina, que a inspirou nas iniciativas por ela fundadas. “No serviço aos pobres e aos doentes, ela se tornou manifestação do Espírito Santo, ‘consolador perfeito; doce hóspede da alma; suavíssimo refrigério’”, afirmou o Pontífice.
MEMORIAL
O local onde Santa Paulina passou seus últimos 24 anos de vida e onde ela morreu tornou-se um memorial dedicado a ela.
Localizado na Casa Geral da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP), o espaço é dividido em salas, onde estão expostos quadros, documentos, fotos, mobílias, imagens e objetos diversos, que contam a trajetória histórica da santa fundadora.
Anexo ao prédio está a Capela Sagrada Família, onde estão sepultados os restos mortais de Santa Paulina.
No memorial também estão expostos o oratório onde ela fazia suas orações e recebia a comunhão; a cronologia de sua vida; objetos de uso pessoal; o quarto onde faleceu, bem como o caixão em que foi sepultada; fotografias históricas; a sala onde ocorrem as eleições da Congregação; e o porão, onde Santa Paulina confeccionava flores, mesmo com o braço amputado por conta do diabetes.
Também estão preservados os objetos que ela utilizava, como a mesa, a cadeira e todos os instrumentos necessários para a fabricação dos adereços. A peça mais recente do Memorial é o busto de Santa Paulina em tecnologia 3D.
O Memorial Santa Paulina fica na Avenida Nazaré, 470, no Ipiranga, em São Paulo (SP). O telefone para contato é (11) 2271-0077 ou pelo site: https:// ciic.org.br/memorial/.
SANTUÁRIO
Em Nova Trento (SC), lugar onde Santa Paulina viveu a infância e fundou a Congregação, foi construído um santuário, inaugurado em 2006, que recebe milhares de peregrinos.
A memória de Madre Paulina é conservada nos espaços históricos onde ela viveu, como o monumento da Casa Paterna; a Capela de Nossa Senhora de Lourdes; a réplica do Casebre onde Amábile e sua amiga Virgínia cuidaram de uma mulher doente de câncer; a capela das irmãs, o monumento da Colina, que mostra Santa Paulina com a mão direita dando a bênção e na esquerda segurando a enxada; além de lugares de lazer e descanso.