Sob o primado do amor e da misericórdia, no anúncio do Evangelho

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em si mesmo uma “obra de misericórdia”, o novo Vicariato Episcopal da Caridade Social – anunciado para organizar, acompanhar e dinamizar a caridade e as obras de misericórdia na Igreja em São Paulo – é um fruto do 1º Sínodo Arquidiocesano. A misericórdia divina é a plenitude do amor, a graça superabundante que jorra do lado aberto de Jesus crucificado (Espírito, água e sangue), como fonte de infinita misericórdia para nós. Na Deus caritas est (DCE 12), Bento XVI explica: “O olhar fixo no lado traspassado de Cristo, de que fala João (cf. 19,37), compreende o que serviu de ponto de partida a esta Carta Encíclica: “Deus é amor” (1Jo 4,8). É lá que esta verdade pode ser contemplada […] A partir daquele olhar, o cristão encontra o caminho do seu viver e amar”. No mesmo documento se lê: “A natureza íntima da Igreja exprime-se num tríplice dever: anúncio da Palavra de Deus (kerygma-martyria), celebração dos Sacramentos (leiturgia), serviço da caridade (diakonia). São deveres que se reclamam mutuamente, não podendo um ser separado dos outros” (DCE 25).

No artigo “Vicariato da Caridade Social”, Dom Odilo Scherer, recorda que “a fé em Deus, que aprendemos de Jesus Cristo, refere-se ao Deus-Amor, que é misericordioso […] A promoção da caridade pessoal, comunitária e social é parte da missão evangelizadora da Igreja, conforme ensinou o Papa Francisco na exortação apostólica Evangelii gaudium (2013), sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. Há uma inevitável implicação social na pregação do Evangelho (cf. cap. IV)” (O SÃO PAULO, 10/07/2024).

No pós-sínodo, a arquidiocese de São Paulo será capaz, para reanimar a missão, de crescer no primado da caridade e no anúncio da misericórdia, a partir do coração do Evangelho. Tal é o tema deste Caderno Fé e Cidadania.

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