A importância do suporte oferecido pelos pais aos filhos

No último artigo, falei sobre a importância da autoridade dos pais na formação dos filhos e do quanto essa autoridade se encontra em crise.

Hoje, gostaria de tratar de um aspecto dessa autoridade – o suporte aos filhos. É muito evidente que os pais modernos estão equivocados no que diz respeito ao que significa “ser criança”. Outro aspecto bastante claro é a necessidade que trazem no peito de serem queridos imediatamente, precisam de um amor incondicional dos filhos.

Queridos pais, acompanhem-me aqui: a necessidade de reconhecimento e prazeres imediatos é própria do mundo infantil; os pequenos, que ainda são constituídos de um sistema perceptual aguçadíssimo e de uma racionalidade incipiente, querem tudo que dê prazer, conforto e homeostase (processo de regulação pelo qual um organismo consegue a constância do seu equilíbrio) e, digo mais, querem para ontem. Nós, adultos, com uma racionalidade muito mais elaborada, um senso de bem e mal aguçado e bem formado e maturidade suficiente para lidar com frustrações, precisamos ter uma postura que transcenda o imediato.

Quando vocês identificam que é necessário oferecer um limite à ação da criança porque esse limite ensinará a ela um bom hábito, um bom comportamento, é preciso que saibam que ela, a princípio, provavelmente irá chorar, resistir e ficar aborrecida. Essa reação é normal, afinal, querem prazer e, ao serem impedidas de obtê-lo, reagem assim. Algumas choram, outras esperneiam, outras gritam e algumas dizem até mesmo não gostar mais dos pais, que eles são chatos… O que não considero nem comum tampouco normal é o fenômeno que acontece hoje em dia: muitos pais se assustam por não serem queridos pelos filhos (acreditando que o que eles falam do alto de sua raiva imatura é verdade) e voltam atrás em suas determinações; outros tantos ficam irritados, ofendidos e acabam reagindo com irritação similar à da criança que foi frustrada, ou seja, perdem completamente o manejo do gesto educativo inicial.

Vejam, queridos papais e mamães: vocês não estão aqui, nessa importante missão de educar seus filhos, para serem amados incondicionalmente o tempo todo. Sabemos que crescer dói, que é necessária uma dose de sofrimento e de frustração para podermos amadurecer e, assim será com os filhos de vocês. Se es- tiverem educando direito, essas situações acontecerão e, em vez de se entristecerem junto com eles ou de se aborrecerem por serem tidos como chatos, espero, de coração, que suportem as manifestações com a maior serenidade possível e que tomem para si o fardo de serem momentaneamente mal-vindos aos pequenos.

Faz parte da autoridade dos pais não reagir, mas sim agir na educação dos filhos, e saber que as birras, as malcriações, as teimosias são desafios comuns nesse processo educativo, tendo coragem de enfrentá-los sem desesperar, sem medo de traumatizar e sem medo de não ser querido, é de extrema importância para levar os filhos ao crescimento saudável.

É preciso dar suporte para que os filhos saiam desse patamar imaturo e cresçam. É preciso lembrar que os que têm capacidade de escolher bem, de determinar o melhor e de garantir a saúde física e afetiva dos pequenos são vocês e não eles próprios que estão no início do processo de aprendizagem sobre a vida. Saber que amar pressupõe acariciar, beijar, abraçar, acalmar, mas também oferecer limites, ajudá-los a enfrentar frustrações, dar contorno, suportar birras e corrigi-las, enfrentar teimosias com inteligência e estratégias adequadas, mais do que isso, amar pressupõe agir para o bem do outro, independentemente de agradar momentaneamente ou não. O fruto desse amor dos pais na vida dos filhos aparecerá a longo prazo. Somente no futuro saberão valorizar o que receberam na infância e adolescência. Mudar a conduta para se sentirem amados pelos filhos imediatamente é imaturidade; mais do que isso, é um egoísmo enorme – incompatível com a missão de pais que assumiram ao receber a grande graça de trazer ao mundo almas preciosas. Pensem com carinho e coragem sobre isso e, se necessário, realinhem a rota.

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