Abortar: será que isso é mesmo direito?

O fato chocante ganhou repercussão nacional: a gestante, enquanto caminhada por uma grande cidade do Brasil, foi atingida por uma bala perdida que também feriu os ombros, as vértebras e perfurou os pulmões da criança em seu ventre, com 39 semanas de gestação. “O estado do bebê é gravíssimo. Eu acredito muito em Deus, mas não sabemos se ele irá resistir”, declarou uma das autoridades locais, horas depois do ocorrido, em julho de 2017. Em outras fatídicas situações como esta, o sentimento é de lamento, seja pelo risco de vida da mãe, seja pela morte do bebê.

Infelizmente, nem sempre é assim. Quando deliberadamente uma gestante decide ou é influenciada a pôr fim à vida do nascituro, a indignação, por vezes, dá lugar à retórica dos “direitos das mulheres à liberdade, à autodeterminação, à intimidade, à liberdade reprodutiva e à sua dignidade”, conforme escreveu a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em seu recente voto a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

Mas é mesmo direito, correto, relativizar o valor da vida do nascituro em nome da “liberdade reprodutiva da mulher?”. Qual nome deve ser dado, pois, à morte deliberada de um ser humano, uma vida autônoma, que com 12 semanas já tem seus órgãos formados, já produz células sanguíneas, bem como hormônios, e já se movimenta no ventre materno?

Se decidir pela legalização do aborto, o STF estará “desacreditando da consciência reta que tutela a vida mais frágil e inocente que é a do bebê. O problema é que ninguém quer nominar esse inocente. Ele foi apagado, deletado dos nossos discursos para justificar esse intento em nome da autonomia e liberdade da mulher”, declarou Dom Ricardo Hoepers, atual Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em uma audiência pública promovida pelo STF em agosto de 2018. “Não podemos tratar o assunto negando, deletando, ignorando a existência do bebê. Parece que estamos falando de uma vesícula biliar, de um rim, de um adendo que precisamos extirpar, que está causando a morte das mulheres. O foco está errado!”, enfatizou.

Há os que busquem justificar a legalização do aborto em razão do elevado número de gestantes que o fazem de maneira clandestina. Na já referida audiência pública de 2018, o Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco (SP), doutor em Teologia Moral, denunciou que são hiperbólicos os dados propagados por grupos abortistas de que ocorrem mais de 1 milhão de abortos por ano no Brasil. O Sacerdote apresentou dados de que a quantidade é de 503 mil, dos quais 250 mil envolvem internações na rede hospitalar e no máximo 25% destes são abortos provocados.

“Deveríamos concluir que se houvesse no Brasil 250 mil internações por abortos provocados, deveria haver entre um milhão e um milhão e meio de internações totais de abortos, e não 200 mil [dados do Sistema Único de Saúde]. Além disso, os livros de obstetrícia e patologia afirmam que o número de abortos naturais, ocorridos em sua maioria no final do primeiro trimestre, é cerca de 10% do números de gestações, a maioria dos quais passam pelo SUS. Se as internações por abortos fossem um milhão ou um milhão e meio, o número de nascimentos no Brasil deveria dez maior”, detalhou.

Alicerçada em falsos dados e na desumanização do nascituro, a pauta abortista avança no Brasil em nome de um, não menos mentiroso, “direito reprodutivo da mulher”. Diante disso, cada cidadão deve se questionar sobre o que tem feito para barrar este mal, e aqueles que obstinadamente militam em favor da descriminalização do aborto, se não estão, na realidade, promovendo um holocausto de vidas inocentes, um crime contra a humanidade.

Razão teve Madre Teresa de Calcutá, que dedicou toda uma existência a cuidar dos mais pobres entre os pobres da terra, ao afirmar em discurso proferido no ano de 1994, em Washington, nos Estados Unidos, que “qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar de qualquer violência para conseguir o que se quer. É por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto.”

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários