Ano Novo, novos desafios

No início deste ano, proponho a você, como venho fazendo sempre, um projeto familiar. 

Início de ano é tempo de planejar, estabelecer metas, criar estratégias para alcançá-las, enfim: tempo de renovar as esperanças e recomeçar. 

Quero, no entanto, trazer aqui algumas reflexões sobre a importância de termos clareza de valores, de princípios, para podermos definir metas sólidas que nos levem a um horizonte elevado.

Vivemos um tempo de muitíssimas informações e desinformações. Na verdade, um tempo de muitas opiniões, nem sempre bem fundamentadas. Um tempo em que conceitos como liberdade, direito, respeito, perderam o sentido ou, no mínimo, estão sendo usados com enorme imprecisão.

O que observo no meu contato cotidiano com as famílias, especialmente com os pais, é que muitos, mesmo imbuídos de uma enorme intenção de educar bem os filhos, de torná-los efetivamente livres, acabam se perdendo nas ações exatamente por não definirem com clareza o que significa essa boa educação, o que significa tornar livre ou, mais ainda: qual o objetivo final do processo de formação de uma pessoa.

Vamos então partir daí para chegarmos ao plano educativo para este ano de 2023? Vamos nos dedicar a pensar no sentido final para podermos identificar as ações adequadas nesse momento?

Para nós, cristão católicos, o objetivo final da educação de nossos filhos é o de os tornar pessoas aptas ao céu.  O que significa isso? Significa torná-los pessoas capazes de amar como Jesus amou – amar e entregar-se aos outros por amor. Grande, não acham; meta ousada, sem dúvida. Meta a ser perseguida por toda uma vida com empenho, com luta, sem dúvida. Mas, todo caminho, para alcançar um fim, deve ter seu início empreendido e, quanto antes, melhor. 

Amor é outro desses conceitos que andam muito deturpados no mundo moderno – tomado simplesmente como sentimento, deixa de ter a grandeza do amor de Cristo. O amor sentimento é volúvel, passageiro, instável, muitas vezes busca a própria satisfação. Esse amor centrado num sentimento aprazível, que não supõe sacrifício, não é o amor que levará nossos filhos (e a nós mesmos) ao céu. 

Portanto, a reflexão que proponho aqui, mesmo que partindo desse princípio conceitual, precisa ser muito prática para ser eficiente e eficaz.  Sendo o amor um ato da vontade bem formada, da vontade determinada a servir ao amado, a se doar por ele, a buscar o bem do outro e se alegrar com isso, como podemos agir no processo educativo dos pequenos, capacitando-os a lutar para alcançar esse amor cristão? Pergunto ainda: será que nós, pais, estamos aptos a dar exemplos desse amor doação?

Talvez pareça pesado tratar dessa forma o assunto, mas vejo com clareza cada vez maior, que muitíssimos estão perdidos com os encantamentos e teorias do caminho e estão se desviando do destino, acontece que esse destino é imperdível.

Se tivermos esse objetivo final claro, teremos mais facilidade de compreender que o processo educativo visa a conduzir os filhos naturalmente egocêntricos à capacidade de amar, e essa é uma tarefa grande, trabalhosa, que precisa ser empreendida com determinação e persistência.  Se tivermos esse objetivo claro, já começa a se tornar também mais claro o sentido da liberdade, ou seja, não formaremos pessoas impulsivas que falam ou fazem o que querem, como querem, do jeito que querem. Mas sim pessoas livres: que conheçam o bem e a verdade, que tenham critérios para definir qual possibilidade que se apresenta que as conduzirão a ela e que tenham vontade forte de levar adiante a escolha, mesmo que não seja a princípio tão aprazível. 

Hoje, as pessoas estão apequenadas, assemelham-se aos animais por sua impulsividade e pouca razoabilidade. Manifestam-se de modo agressivo e desrespeitoso em nome da liberdade de opinião, impõem modos de viver e de falar que vão contra a natureza humana, em nome do respeito a essa ou aquela minoria… Nós, cristãos, estamos atentos a esse movimento ou estamos embarcando nele sem a menor capacidade de análise. Estamos firmes no nosso caminho ao céu, ou nos desviamos por imergirmos nas confusões modernas?

Deixo aqui meu convite a vocês: entrem nesse novo ano dispostos a buscar mais formação, crescer na busca de Deus, entender a grandeza da vida aqui e principalmente da vida eterna no céu. Essa formação e esse entendimento darão nova luz aos planos educativos e às ações familiares neste ano que se inicia.

Contem comigo nessa caminhada. Feliz 2023.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram:@sifuzaro

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