Crianças estão em ritmo acelerado de crescimento e aprendizagem, e exatamente por isso precisamos ficar atentos para direcioná-las rumo à conquista da autonomia. Para que possam fazer isso de modo adequado, é importante que entendam bem o que é a tão falada autonomia.
Se formos ao dicionário, encontraremos: A origem da palavra “autonomia” em português vem do francês, autonomie. Este, por sua vez, é derivado de duas outras palavras do grego: AUTÓS, que significa “próprio, si mesmo” e NOMOS, que tem o significado de “nomes”, porém pode ser traduzido como “normas, regras”, ou seja, guiar-se por suas próprias regras. Ocorre que, em se tratando de processo educativo, é preciso considerarmos que estamos preparando uma criança para que, em algum momento, seja capaz de tomar decisões de modo autônomo e responsável. Porém, seria absoluta loucura permitir que um ser tão pequeno e ainda incapaz tome decisões autônomas.
Nessa perspectiva, a autonomia que estamos falando e que precisamos ajudar a criança a ter nos primeiros anos de vida é aquela de ação e não a autonomia de decisão. Vamos a uma breve explicação para que a ideia fique clara: os pais, conforme percebem que a criança ganha habilidades e capacidades para pequenas ações – jogar a própria fralda no lixo, guardar seus brinquedos, tirar o pó de um móvel, tirar ou colocar peças de roupa sozinha, carregar sua própria lancheira ou mochila –, estimulam que sejam executadas por ela sem ajuda. Ou seja: os pais decidem pelas crianças e elas têm autonomia de executar aquilo que foi decidido pelo responsável: esse é o primeiro passo no processo de aprendizagem e aquisição da autonomia.
Aos poucos, conforme vão crescendo, pequenas decisões que não envolvam grandes consequências podem ser tomadas por elas: escolher entre duas opções de roupa pré-determinadas pelos pais; decidir entre dois passeios que forem propostos; sobre qual brinquedo emprestar para um amigo; enfim, o mais importante é que o adulto perceba a maturidade da criança para essas pequenas decisões e que não ofereça a ela mais responsabilidades do que pode assumir, afinal, decidir não é simples e pode gerar ansiedade e estresse, especialmente para aquelas que não se encontram preparadas.
Após os 6 anos de idade, com o amadurecimento neurológico e o desenvolvimento cognitivo, a criança já consegue, gradativamente, crescer em memória de trabalho – o que significa ser capaz de reter uma gama maior de informações para guiar sua escolha, além de ter um raciocínio mais lógico, flexível e temporal – o que possibilita uma avaliação mais rica das opções e uma tomada de decisão mais eficiente. Então, pode-se aumentar, também gradativamente, o espectro de escolhas dos pequenos sem, no entanto, privá-los das consequências de suas escolhas, afinal, vivenciar as consequências positivas e negativas será o mais importante no processo de aprendizagem da autonomia.
Se os pais evitarem que os filhos vivam as consequências de suas escolhas (o que acontece normalmente quando elas são negativas), estarão contribuindo para que se tornem inconsequentes, irresponsáveis, afinal, acreditarão que magicamente as coisas terminam bem, independentemente das más escolhas que tomarem.
Outra coisa importante a se considerar nesse processo de conquista de autonomia é que vocês, pais, precisam ajudar seus filhos no processo de decisão, e isso se faz ajudando-os a pensar nas consequências de cada escolha – “se decidir por x, será assim, assim e assim; Se decidir por y, faremos isso, isso e isso.” Afinal, tudo o que queremos que eles aprendam a fazer, precisamos ensinar e não é diferente em relação a autonomia.
Tal autonomia será proporcionalmente maior quanto maiores e mais preparados os filhos estiverem para boas decisões, de modo que ao chegarem à maioridade, possam ter uma autonomia bastante robusta e bem formada, entendendo o valor de suas escolhas e vivendo com responsabilidade as consequências.