Em algum momento da vida, todos os pais têm esta preocupação: medo de que os filhos não se entrosem, não consigam estabelecer vínculos sólidos e manter uma amizade pela vida afora.
É comum essas preocupações tomarem conta do imaginário especialmente das mães a cada briga, a cada dificuldade no trato de um para com o outro. Como podemos trabalhar essa questão?
Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que os comportamentos e as virtudes são formados com o tempo, não são inatos. Ao contrário, todos nascemos com tendência a buscar facilidades, prazer e comodismo. Sair dessa posição é fruto de exercícios, por isso, precisamos exercitar os nossos filhos a crescerem na capacidade de amar os outros, de modo especial seus familiares.
Vou elencar a seguir algumas atitudes que os pais podem ter para formar os filhos nesse aspecto:
- Sempre falarem com alegria da chegada de mais um irmãozinho – estarem convencidos de que sempre é um ganho a chegada de um irmão e jamais uma perda. Já ouvi, inúmeras vezes, mães lamentando o fato de que o filho vai sofrer pois terá que dividir tudo: a atenção dos pais, dos avós, o quarto, os brinquedos. Esse é um grande equívoco. Ele ganhará muito – ganhará uma companhia para brincar, conversar, viajar, ajudar nas tarefas e projetos futuros, enfim, olhemos sempre pelo lado positivo da situação. Aliás, precisar dividir todas as coisas e atenção das pessoas é um grande presente, pois, quando se tem tudo para si, o resultado é desastroso: forma-se uma pessoa mimada e incapaz de servir aos demais.
- Cuidem de cada um em suas necessidades – não é porque são irmãos que tudo precisam fazer juntos. Cada um tem um temperamento, uma necessidade, um tempo. Cabe aos pais cuidar desses aspectos sem estimular a competição ou o espírito de crítica entre eles. Justiça consiste em tratar de modo diferente os que são diferentes, portanto, não temam agir assim. Quando os filhos se sentem atendidos em suas necessidades, ficam mais felizes e se relacionam melhor com os outros.
- Exercite desde pequenos que se ajudem, que agradeçam um ao outro as ajudas que recebem, que identifiquem coisas para elogiar no irmão – as críticas costumam brotar mais facilmente do que os elogios, ajude-os a enxergarem os aspectos positivos dos irmãos.
- Quando há uma reclamação, ajude-os a identificar como podem contribuir para que o irmão melhore naquele aspecto. É uma excelente oportunidade de trabalhar com a capacidade de ajuda mútua no crescimento pessoal, afinal, somos responsáveis pelos que amamos, não é mesmo?
- Outro aspecto que ajuda bastante é conhecermos os diferentes temperamentos e ajudarmos os filhos a crescerem no conhecimento próprio e no dos irmãos, muitos pequenos desentendimentos podem ser frutos dos diferentes modos de perceber e se manifestar diante das situações. Quando compreendem melhor isso, acabam se entendendo melhor.
Como se pode ver, o caminho para crescerem na capacidade de serem amigos verdadeiros e se amarem é longo e exige trabalho da parte dos pais. Há uma tendência natural de se quererem bem pelos próprios laços familiares, mas com certeza serão mais amigos e companheiros se forem formados para isso!
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Site: www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzar