O Natal em cada lar

Está se aproximando novamente o Natal, época de muitas luzes e decorações espalhadas pela cidade, de Papais Noéis presentes nos mais diversos locais esperando as cartas das crianças, de encontros e celebrações. É lindo andar pela cidade e observar toda a alegria que compõe o panorama de Natal.

Está novamente se aproximando esta festa que deixa o comércio fervilhando, o trânsito intenso, o dia corrido, afinal, são muitos os preparativos. Está novamente se aproximando o Natal… E, exatamente aqui, neste novamente, talvez esteja a maior de todas as armadilhas: a possibilidade de vivermos esta festa tão importante como mais uma que se repete ano após ano.

Como estamos vivendo o Natal? Que sentido ele tem em nossas famílias?

Quero convidar cada uma das famílias a um Natal diferente, inédito

Quero convidá-los a dar um “stop” na correria externa e preparar o coração, transformá-lo numa manjedoura macia e aquecida para a grande honra de receber o Senhor de toda esta festa, a causa de toda esta celebração.

A grande novidade do Natal não está nos presentes, na ceia, no Papai Noel, nem nos valores que são divulgados nesta época: a paz, a alegria, o amor, a esperança. Tudo isso faz parte, mas não constitui a essência, não chega sequer perto da grandeza do que podemos viver em nosso coração a cada Natal – a experiência do Amor: o verdadeiro e absoluto Amor. O próprio Amor que se transformou em um bebê pequeno e frágil para se fazer visível e se aproximar de nossa pequenez. O Amor que pode nos transformar diariamente em pessoas melhores, em famílias mais felizes, mas que para isso conta com o nosso SIM, com o nosso empenho em acolhê-Lo.

Esse bebê traz em sua chegada muitos ensinamentos que só serão possíveis àqueles que tiverem o coração preparado e aberto. É preciso querer, é preciso preparar especialmente o coração. Preparar os filhos não tanto para escrever a cartinha ao Papai Noel, mas para olhar para as virtudes presentes no presépio e oferecer ao Menino Jesus que chega com alguns presentes concretos: gestos de generosidade, desprendimento, humildade, amor sincero, confiança (pequenas ajudas em casa, atenção com os idosos da família, pedidos de desculpas nos desentendimentos, pequenos sacrifícios para melhorar a vida de alguém).

Que as crianças e nós, adultos, possamos ter propósitos claros de aprendizagem neste Natal que se encontra às portas.

Vamos colocar o presépio no centro e olhar com carinho para cada um dos personagens que estão ali. Quanto podemos aprender com o desprendimento e a obediência de São José! Um homem que soube aderir a um projeto que não era o seu, que se desprendeu de sua imagem, de sua vontade, de sua oficina (seu trabalho), sem reclamar, pois percebeu um bem que ia para além de seus desejos. Um homem que entendeu que amar exige sacrifício e esquecimento próprio, pois, se ele “amasse” mais seus planos, projetos e trabalho, como poderia ser o pai de Jesus? Foi preciso sacrificar seus projetos pessoais por sua família.

Como custa o desprendimento! Como é difícil deixarmos nossos interesses e motivações pessoais de lado pelo bem comum e, mais difícil ainda, sem reclamar. Quantas famílias seriam preservadas, quantos divórcios evitados, quantas brigas deixariam de acontecer se cada um de nós se esforçasse em agir com retidão pelo bem comum, pelo bem da família, pelo bem do próximo. Aliás, se cada um de nós se preocupasse em identificar um bem para além do próprio prazer e conforto. Podemos tanto e nos conformamos com tão pouco!

Nossa Senhora, que Mulher! Como pode nos inspirar seu compromisso com a vontade de Deus, com o espírito de serviço que “adivinha” o que o outro precisa e se adianta para ajudar. Com a capacidade de silenciar diante das circunstâncias, de agir com a prudência de quem meditou.

Neste mundo tão imediatista, autocentrado e reativo, em que as palavras, as notícias, as situações borbulham trazendo tantas discórdias, como podemos trazer um pouco de Nossa Mãe para iluminar essa realidade? É comum estarmos com o nosso coração tão centrado em nossos cansaços, desafios e interesses que o outro fica sem lugar dentro de nós. Quanto bem podemos trazer para a família se nos ocuparmos mais dos outros do que de nós mesmos, se calibrarmos nosso olhar para “adivinhar” os cansaços, alegrias, preocupações dos que convivem em nossa casa e ajudá-los em seus desafios!

Eu sei, pode parecer injusto: eu penso nos outros e luto pela generosidade, mas fico esgotado e ninguém retribui de algum modo, ninguém contribui com meus desafios ou nem sequer reconhece meu esforço. Esse raciocínio é muito humano e presente em cada um de nós. Mas, diante dele, vamos olhar novamente para o presépio – agora para o próprio Deus que se fez bebê. Entregou-se total e absolutamente sem esperar nada em troca, aliás, recebe tão pouco de nós que fomos e somos tão agraciados por Ele, e, mesmo assim, nos ama pessoal e intensamente. Alguém precisa começar o movimento, feliz daquele que está maduro para isso!

Como é grande o Natal! Sua grandeza extrapola toda e qualquer decoração e correria, pois está plantada na essência do verdadeiro Amor e como Deus conta conosco, famílias cristãs, para vivermos esse verdadeiro sentido do Natal e o espalharmos ao mundo! Não vamos perder essa oportunidade.

A partir deste Natal, vamos oferecer atos concretos, pequenos, cotidianos de amor, generosidade, entrega aos que convivem conosco. Vamos nos transformar, que está ao nosso alcance.

Coloquem o presépio no centro da celebração. Façam uma oração em família, deem um lugar especial ao que nasce naquele dia e peçam a Ele a graça de terem um coração grande, que anseie por ser cada vez mais parecido com cada um desses personagens que compõem o presépio, um coração disposto a empreender a luta de amar e marcar com o amor o coração de todos os que passarem por nossas vidas!

Este sim será um Santo e Feliz Natal.

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