Quem somos diante do sofrimento alheio?

Estamos, com certeza, vivendo um dos momentos mais trágicos do nosso País, senão o mais trágico. Um acidente natural de proporções imensas, dizimando pequenas vilas, cidades e causando destruição em todo um estado. São imensuráveis os prejuízos humanos – vidas que se foram, pessoas machucadas, famílias separadas pela tragédia. Há prejuízos afetivos – medo, insegurança, desespero perante a percepção de que tudo se “desmorona” diante dos próprios olhos; e prejuízos materiais – muitos ficando sem nada do que levaram a vida inteira para construir; enfim, uma verdadeira catástrofe.

Diante dessa situação tão triste, infelizmente, encontramos pessoas completamente alienadas, focadas em seus próprios umbigos, provavelmente pensando: “Nossa, que triste, mas pouco podemos fazer” ou mesmo “ainda bem que não nos atingiu”.

Mais do que isso: tivemos um megaevento musical em que milhares de pessoas se comportaram como se absolutamente nada estivesse acontecendo. Era impossível desmarcar tal evento? Pode ser, não sabemos o que tal ato implicaria. Mas, certamente, ao menos uma menção, uma oração, um minuto de silencio e solidariedade aos que estão perdendo suas vidas seria possível. No entanto, como pedir um ato de solidariedade a alguém que está absolutamente envolvida com o mal? Como esperar ato de amor daqueles que nem sequer sabem a dimensão que pode alcançar um coração humano bem formado, que procura ser aquilo que foi criado para ser? Ver pessoas públicas se divertindo enquanto uma parte tão grande do povo sofre amargamente…

É isso: estamos metidos numa sociedade que vem sendo trabalhada para se manter endurecida pelo egoísmo, blindada pela ignorância, pela doutrinação. Está sendo levada a acreditar que “Deus está morto” ou, ao menos, muito fora de moda e, sem Ele, amigos, acreditem, não passaremos de animais – viveremos em bandos, mas não em relação.

É preciso despertarmos, é urgente retomarmos a rota e lutarmos por sermos aquilo que fomos criados para ser: pessoas. Pessoas com potência intelectual, moral e afetivo enormes; pessoas que entendem que vivem em relação e que se determinam a oferecer ao outro o melhor de si, mesmo quando isso custe; pessoas que para alcançarem o máximo de seu potencial, lutam para ganhar virtudes. Para sermos, de fato, bons, precisamos da Graça de Deus e muita luta por sermos virtuosos. Precisamos sair da condição animal e alcançarmos a condição verdadeiramente humana.

Agora me dirijo a vocês, pais, que estão ou deveriam estar trabalhando arduamente na missão de formar seus filhos: como estão fazendo isso? Entendem que formar pessoas “empáticas e resilientes”, como ditam as tão divulgadas competências socioemocionais, requer que não tenhamos tanto medo de traumas e frustrações na vida de nossos filhos? Entendem que formar pessoas é, necessariamente, formá-las moralmente bem, identificando o bem e o mal, a verdade e a mentira, sabendo perceber aquilo que edifica o bem comum e o que o destrói? Formar pessoas é um processo árduo, de forja, de lapidação – somente pessoas formam pessoas e, digo mais, somente pessoas bem formadas, afetiva, moral e intelectualmente, poderão formar bem outras pessoas. Por isso, coragem: lutem, busquem formar-se diariamente, busquem crescer em virtudes, busquem entender que nem vocês nem seus filhos “desmoronarão” diante de pequenas frustrações, mas que podem crescer, e muito, com elas.

Não se deixem apequenar por tantas ideologias e teorias que não nos ajudam a colocar em ato a enorme potência humana que temos – elas nos prendem nos sentimentos, traumas e sensações, nos enfraquecem e, claro, nos tornam altamente manipuláveis. É isso que querem para seus filhos? Tenho certeza de que não.

Vamos acordar, vamos nos mexer, há muito trabalho a fazer – precisamos defender e formar bem nossas famílias. Da força de nossas famílias dependerá a força de nossa sociedade.

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Paula Penna
Paula Penna
10 dias atrás

Incrível esse texto! Reflexão e lição de vida Parabéns compartilharei com prazer