‘Convertei-vos e crede!’

Nosso Senhor iniciou a vida pública com a exortação: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,15). Esta frase simples resume todo o anúncio da Igreja.

Saber que “O Reino de Deus está próximo” é primeira condição para que o coração se abra a Jesus Cristo. Esta vida – com o que tem de bom e de ruim – é passageira! Por isso, São Paulo recomenda um são desprendimento: “Os que choram, vivam como se não chorassem; os que estão alegres, como se não estivessem alegres; e os que fazem compras, como se nada possuíssem, pois a figura deste mundo passa” (1Cor 7,30s). Somente a consciência de que “O tempo está abreviado” (1Cor 7,29) pode nos abrir ao convite: “Convertei-vos!”.

A “conversão” consiste em uma mudança de conduta e de mentalidade. Trata-se de retificar a direção da própria vida. Para onde estou indo? O que faço com o tempo, as capacidades, os bens e as pessoas com que Deus me presenteou? Para que haja sincera conversão, temos de examinar a consciência com honestidade; identificar os pecados dominantes, as escolhas de vida ou situações que nos afastam do Senhor. É preciso que tomemos a firme resolução de mudar para melhor!

Este processo – cuja iniciativa, no fundo, pertence a Deus – requer assiduidade na oração. Afinal, somente Ele pode mudar o modo de pensar, de sentir, e mostrar-nos o caminho a seguir. Sem Ele, não temos iniciativa nem força para mudar. Apenas Ele pode levar a cumprimento as boas resoluções, pois “é Deus quem opera em vós tanto o querer como o atuar” (Fl 2,13). A efetiva mudança de conduta e de mentalidade, por sua vez, transforma a alma em um terreno propício para a fé.

A austeridade e a pregação de São João Batista – “Produzi frutos dignos do arrependimento!” (Lc 3,8) – levou multidões a buscarem uma conduta honesta. Assim, o Precursor preparou um povo bem disposto a crer em Jesus. Do mesmo modo, a pregação de Jonas – “Quarenta dias e Nínive será destruída!” (Jn 3,3) – fez com que pagãos jejuassem, se humilhassem e acreditassem em Deus. O pleno acolhimento do dom da fé depende da conversão sincera… “Crede no Evangelho!”.

“Crer” não é pensar que Deus nos livrará dos sofrimentos e dará tudo o que pedimos nesta vida. De modo algum! Crer é aceitar com firme confiança que Cristo é Deus que se fez homem; que morreu na Cruz para expiar nossos pecados; que ressuscitou, está vivo e reina para sempre. Pela fé, esperamos o juízo dos vivos e dos mortos e aguardamos a vida eterna. Pela fé, sabemos que todas as coisas – felizes ou tristes – possuem um sentido e devem ser oferecidas a Deus, unidas ao sacrifício da Missa. Sabemos que Cristo está vivo no Céu, na Eucaristia e no centro da nossa alma – se estamos em estado de graça – e que jamais nos deixará sozinhos. Pela fé, julgamos que “os sofrimentos do tempo presente são nada em comparação com a glória que nos será revelada” (Rm 8,18) e que a vida é um tempo breve que temos para amar a Deus e ao próximo.

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