Cristo é Rei

Não é apenas título piedoso, nem metáfora, e tampouco a tentativa de igualar Jesus aos poderosos do mundo. Cristo é Rei, o soberano por excelência. 

É o Legislador, pois “tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas têm Nele a sua consistência” (Cl 1,16). As leis da natureza e a constituição íntima do que existe foram feitas por Ele. Ainda que permaneça em silêncio, seja desprezado e blasfemado, a sua Lei está inscrita em todos os corações e nos julgará. A natureza de cada coisa foi estabelecida por Ele. 

Jesus é também Juiz. Concede-nos livre-arbítrio, pois, diferentemente das paixões mundanas, que seduzem e escravizam, o seu amor é saboreado somente na liberdade dos filhos de Deus. Porém, Ele exporá a verdade sobre os homens e, avaliando como usamos nossa liberdade, recompensará a cada um segundo as suas obras. Com efeito, “o Pai deu ao Filho o poder de julgar, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai” (Jo 5,22). 

Cristo é o nosso Governante: “Ele é a Cabeça do corpo, isto é, da Igreja” (Cl 1,18). Ele é quem efetivamente ensina, santifica e pastoreia os que lhe obedecem. Submete-se à humilhação de ser representado por ministros indignos. Ainda assim, conduz pacientemente o rebanho: tolera, corrige e, às vezes, denuncia os maus. Um dia, separará definitivamente as ovelhas dos cabritos, o joio do trigo, e dirá aos maus: “Não vos conheço, afastai-vos de Mim” (Lc 13,27). O Senhor é Rei, pois está sentado à direita do Pai. Ao seu Reino celeste se referiu o bom ladrão: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado” (Lc 23,42). Sobre esse Reino, Ele mesmo falou a Pilatos: “O Meu Reino não é deste mundo” (Jo 18,36). O Prefácio da Santa Missa descreve-o como “um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”.

O fato de Jesus possuir um Reino celestial não nos exime de buscar o seu reinado neste mundo, primeiro em nossas próprias inteligências, vontades e corações; mas também nos esforçando para que o mundo do trabalho e da política seja informado pela sua Lei. Este é o motivo pelo qual o Papa Pio XI estabeleceu a Festa de Cristo Rei. É dever dos políticos, dos trabalhadores e das famílias cristãs buscar uma ordem social conforme o Evangelho. 

O abandono da Lei do Senhor faz se multiplicar o sofrimento no mundo. Indiferença, miséria, guerras injustas, homicídio, roubo e leis imorais são o fruto de nações que viraram as costas para Deus. Existe um só remédio: “Reconhece que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra” (Dt 4,39). Os poderosos que não lhe obedecem perecerão. “O Altíssimo dá o poder a quem Ele quer” (Dn 4,29), mas adverte: “Governantes da terra, servi ao Senhor com reverência e prestai-lhe homenagem com tremor, para que Ele não se irrite e pereçais pelo caminho. Felizes os que Nele se abrigam!” (Sl 2,10). 

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