Encarnação do Verbo: sem acepção de pessoas

Os textos bíblicos nos mostram o nascimento de Jesus Cristo e as pessoas que estavam naquele momento importantíssimo para toda a humanidade. “Naqueles dias, apareceu um edito de César Augusto, ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. Esse recenseamento foi o primeiro enquanto Quirino era governador da Síria. E todos iam se alistar, cada um na própria cidade. Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, para a Judeia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida. Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu Filho primogênito, envolveu-o em faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala” (Lc 2,8-20). A narrativa continua dizendo dos pastores e a alegria que sentiram quando do anúncio do Anjo. Os olhos dos pastores ficaram maravilhados diante do Salvador dos homens e mulheres de todos os tempos, de todas as etnias e de todas as culturas (cf. Lc 2,8-20).

Os pastores não precisaram de palavras para acreditar nas maravilhas que estavam vendo com os próprios olhos. No momento do anúncio feito pelos anjos, os pastores se encheram de alegria. “Quando os anjos os deixaram, em direção ao céu, os pastores disseram entre si: Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer” (Lc 2,15). Depois, maravilhados, foram noticiar os fatos aos seus e a todos os moradores de Belém. “E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora dito” (Lc 2,20).

Na Liturgia da Epifania, isto é, Manifestação de Cristo Jesus ao mundo, o evangelista Mateus registrou a presença dos magos. “Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram os magos do Oriente” (Mt 2,1). Diante do Redentor, eles se apresentaram. “Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe seus presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2,11). A Tradição da Igreja nomeia os magos como Gaspar, Baltazar e Melquior. Os textos sagrados nos mostram que eles se ajoelharam e adoraram o Menino Deus. “Ao entrar na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam” (Mt 2,11). A grandeza dos magos não estava na inteligência e sagacidade de cada um deles nem sequer nos bens materiais que possivelmente possuíam; mas a riqueza desses homens do Oriente estava na capacidade e interioridade de entenderem, na presença do recém-nascido, o Mistério Revelado e Manifestado.

Os textos sagrados nos indicam que não houve uma discussão teológica entre os magos e Maria Santíssima e São José. Os magos não estavam munidos de documentos nem fizeram questionamentos aos familiares do Redentor. Quando chegaram ao lugar do nascimento de Cristo Jesus, guiados pela estrela, o evangelista Mateus nos afirma, categoricamente, que eles sentiram uma alegria muito grande: “Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente” (Mt 2,10). Quando os magos viram o Menino Deus na manjedoura, de fato, eles acreditaram no Salvador.

O Espirito Santo nos revela os Mistérios. “Às gerações e aos homens do passado, ele não foi dado a conhecer, como foi agora revelado aos seus apóstolos e profetas, no Espírito” (Ef 3,5). O Espírito Santo de Deus abre os nossos olhos, para que a fé nos seja possível. A Encarnação do Verbo e a Epifania são celebrações da vida. Os pastores e os magos reconheceram o Verbo de Deus nos acontecimentos da Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo e da sua manifestação ao mundo. Deus não faz acepção de pessoas e se manifesta a todos os homens e mulheres. Reconheçamos Jesus Cristo como Senhor e Redentor. Sejamos portadores da sua mensagem de salvação e a proclamemos a todas as pessoas, sem distinção ou acepção. Em meio às diferenças e às indiferenças, portemos o Evangelho do Salvador a toda a humanidade “[…] e a luz brilha nas trevas […]” (Jo 1,5). Jesus Cristo, de fato, é a luz para todos os povos.

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