Do sínodo ao projeto pastoral

A arquidiocese de São Paulo, após ter celebrado o seu sínodo como um “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, está elaborando um projeto pastoral para os próximos anos. O sínodo arquidiocesano ajudou-nos a perceber como está a situação religiosa e pastoral da Igreja em São Paulo e quais desafios ela enfrenta atualmente nesta cidade imensa. O tempo e as mudanças sociais, culturais e religiosas trouxeram desafios novos à vida e à missão da Igreja na metrópole.

Nesse sentido, as reflexões feitas nas paróquias, setores e Regiões Episcopais durante o sínodo, juntamente com a pesquisa de campo e o levantamento paroquial, nos ajudaram a ver melhor que precisamos ser uma Igreja que se renova na missão e na participação de todos os seus membros; que precisa caminhar unida e em comunhão, somando forças em vez de dispersar e desperdiçá-las. A assembleia sinodal, na última etapa do sínodo, elaborou propostas e prioridades para orientar o trabalho das diversas frentes pastorais após a conclusão do sínodo. Na Carta Pastoral pós-sinodal foram publicadas essas propostas, além de várias diretrizes sobre prioridades específicas para a promoção da desejada “conversão pastoral e renovação missionária” em nossa Igreja particular.

A Arquidiocese está, agora, em assembleia pós-sinodal, para delinear um projeto pastoral arquidiocesano para uma prática pastoral inspirada nas diretrizes e propostas sinodais. Esse projeto pastoral deverá estar claramente ancorado na própria teologia da Igreja e nos motivos da existência da Igreja. De fato, a organização pastoral está a serviço da vida e da missão da Igreja, contribuindo para expressar e realizar melhor sua vida e missão.

Percebemos, por meio do sínodo arquidiocesano, que precisamos ser uma Igreja mais incisivamente missionária. A Igreja existe para a missão e renova-se mediante a ação missionária. Não podemos contentar-nos com uma pastoral voltada apenas para a manutenção daquilo que a Igreja já fez e alcançou. A Igreja precisa projetar-se constantemente para além de seus espaços seguros, da sua comunidade fiel, das organizações que já possui. Precisa perguntar-se pelos seus filhos que, embora batizados, não participam de sua vida e missão; e estes são a grande maioria dos católicos! Mas precisa preocupar-se também com “as ovelhas que não são deste redil” (cf. Jo 10,16), pois ela foi enviada em missão “a toda criatura e a todos os povos” (cf. Mc 16,15). Claramente, precisamos ser comunidades mais missionárias em nossa cidade, promovendo de muitos modos o anúncio do Evangelho e a vida cristã.

A Igreja também existe para a glorificação de Deus e a santificação do homem. Ela não nasce de uma iniciativa simplesmente humana nem está centrada nela mesma, como se tudo dependesse apenas das suas forças e da eficiência humana. A Igreja é testemunha de Deus e da sua obra. Ela é “o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Lumen gentium – LG 1). Por isso, ela está a serviço da glória de Deus e da realização do desígnio salvífico de Deus Trindade em relação à humanidade e ao mundo. Ao mesmo tempo que chama todos à comunhão com Deus, ela também possui os meios para promover essa comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo e a santificação dos homens.

O sínodo arquidiocesano mostrou que a participação na Eucaristia e nos demais sacramentos, de modo geral, está muito baixa e precisa de uma renovada e ampla ação pastoral. Ao mesmo tempo, a piedade popular, tão importante meio para o cultivo e a transmissão da fé, precisa ser valorizada e incentivada. Como traduzir isso num projeto pastoral orgânico e dinâmico em nossa Arquidiocese?

O testemunho da caridade e da esperança é inseparável da vivência da fé cristã e lhe confere autenticidade evangélica. Nossas paróquias, comunidades e organizações eclesiais, de maneira geral, já promovem belas e variadas iniciativas de caridade que, de fato, não podem faltar em nenhuma comunidade da Igreja, nem na vida pessoal de cada católico. O sínodo arquidiocesano fez ver que existe, por toda parte, na cidade de São Paulo e longe dela, um mar de sofrimentos e necessidades, que nos interpelam e não nos devem deixar indiferentes. Como vamos incentivar mais e melhor a prática organizada da caridade, atenta a todos e que envolva a todos?

O sínodo nos fez ver e compreender melhor “o que” temos a fazer. A assembleia arquidiocesana, agora, tem a missão de propor respostas à pergunta: “como” vamos fazer isso? Com quais meios e métodos vamos promover o “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” em nossa Arquidiocese? Que o Espírito Santo nos ilumine e conduza!

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Anderson de Oliveira Santos
Anderson de Oliveira Santos
11 dias atrás

Bom dia o leigo pode ter acesso a este livro que fala sobre o sínodo que o cardeal dom Odilo está segurando? Se puder onde encontro para comprá-lo?