Depois de um período de descanso no verão, estamos iniciando um novo ano pastoral, que promete ser bastante intenso e dinâmico. Vivemos um Ano Jubilar, ou Ano Santo, que é um tempo de graças especiais e de renovação da vida cristã pessoal e nas comunidades. O Papa Francisco, na Bula do Jubileu, convida toda a Igreja a viver este ano na ação de graças pela obra da salvação realizada por Jesus Cristo em nosso favor, buscando o perdão, a misericórdia de Deus, a reconciliação com os irmãos e a renovação da vida cristã. A cada 25 anos, a Igreja vive um Jubileu para se renovar na fé e na vida cristã. Oxalá, este “ano de graça do Senhor” seja bem aproveitado por todos! De modo especial, aprofundemos a dimensão da esperança na vida cristã, nas nossas comunidades e organizações pastorais!
Este ano também é dedicado especialmente a acolher as grandes intuições do sínodo universal sobre a “Igreja sinodal – comunhão, participação e missão”, que foi concluído em outubro de 2024. O sínodo apontou para a renovação da Igreja, voltando para as suas origens. De fato, a sinodalidade refere-se a qualidades essenciais da Igreja, desde a sua origem, como aparece nas palavras de Jesus, nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas Apostólicas. A Igreja é “comunhão”, e não dispersão ou divisão; comunhão com Cristo, comunhão fraterna animada pelo Espírito Santo, comunhão de fé na Palavra de Deus, comunhão de esperança nas promessas de Deus. A Igreja é participação: todos os seus membros têm parte na mesma graça originária do Batismo e no bem da Igreja. A Igreja é missão, pois ela existe em função do anúncio e do testemunho do Evangelho e precisa dedicar-se à missão sem esmorecimento, até o final dos tempos.
Neste ano, nossa Arquidiocese procurará dedicar-se à implementação da nova organização pastoral e das novas práticas pastorais, frutos do 1º sínodo arquidiocesano. A nova impostação pastoral coloca em evidência as três dimensões fundamentais da vida e missão da Igreja: anúncio do Evangelho, glorificação de Deus e a santificação nossa e do mundo e o testemunho da vida nova que vem do Evangelho do Reino de Deus. As organizações e as práticas pastorais têm a finalidade de ajudar a traduzir melhor, na prática, aquilo que é próprio da vida e missão da Igreja. Essas três dimensões precisam ser trabalhadas de maneira harmônica na vida pastoral do dia a dia e na organização pastoral.
O Projeto Pastoral emergencial, elaborado durante o ano passado (2024) com o enfoque nas três importantes dimensões na organização pastoral, tem o objetivo de ajudar as paróquias e comunidades menores, bem como os Decanatos, Vicariatos e Regiões Episcopais, na aplicação das diretrizes sinodais. Dessa maneira, em todos os níveis da vida pastoral, será possível dar orientação e acompanhamento mais adequado às múltiplas iniciativas e organismos pastorais, que devem contribuir em uma ou em outra dimensão, com seu carisma e seus objetivos, para a realização da missão global da Igreja. Dessa forma, nossa Arquidiocese poderá crescer na vivência concreta da sinodalidade, em comunhão, participação e missão.
Durante a Quaresma, enquanto nos preparamos mediante as práticas do “jejum, esmola e oração”, para celebrarmos bem a Páscoa deste ano, somos também chamados a promover a Campanha da Fraternidade (CF), com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. Mais uma vez, a CF aborda a questão ecológica e ambiental; desta vez, aponta diretamente para o conceito de “ecologia integral”. Isso significa que se deve considerar o homem como parte da ecologia, como o Papa Francisco tem insistido em diversos momentos de seu magistério. O homem é parte da questão ambiental: depende dele, sobretudo, o descuido ou o cuidado do ambiente. E isso significa que a questão ambiental não se resolve sem a consideração do sentido ético e moral de sua interação com o ambiente, em todos os sentidos. Cuidar do ambiente deve significar também cuidar da pessoa humana. Seria estranho cuidar de animais, plantas e da terra mais que da pessoa humana, ou até em detrimento dela. Por fim, é preciso considerar que o homem pode ser vítima de sua própria insensatez na relação com o ambiente. Sem esquecer que o tema tem a ver diretamente com a nossa fé em Deus Criador: a fé sincera em Deus, Pai Criador, leva a valorizar e honrar a obra do Criador.
Neste ano, acompanhamos a elaboração e divulgação das novas diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Essas diretrizes são elaboradas à luz da situação geral da Igreja em nosso país e os desafios postos à missão da Igreja; e serão iluminadas pelas orientações do documento conclusivo do sínodo. As diretrizes gerais da CNBB ajudarão, depois, a orientar os planejamentos das dioceses do Brasil nos próximos anos.