Fim de ano, momento de avaliações 

Estamos chegando ao fim do ano escolar, últimas provas, últimas atividades, momento de colher os frutos do trabalho, do empenho ou da falta deles. 

É muito educativo que, desde cedo, iniciemos com nossos filhos o hábito da autoavaliação. Aproveitar o fim do ano para avaliar alguns aspectos e tomar consciência do crescimento ou das dificuldades no período que se encerra é ajudá-los a perceber que a vida é feita de ciclos e que cada um deles é uma nova oportunidade de melhorarmos e nos aperfeiçoarmos, de tomarmos a rédea de nossa vida e fazermos diferente. 

Muitas vezes, nós, adultos, identificamos atitudes inadequadas ou comportamentos que precisam ser mudados, mas não trazemos os filhos a essa consciência. Apressamo-nos em apresentar o que pensamos e acabamos perdendo a chance de realmente impulsionar um movimento positivo deles em direção ao aperfeiçoamento. Pior, tiramos a possibilidade de que eles se tornem responsáveis por esse movimento. Outras vezes, pela correria da vida, nem sequer conseguimos tempo de conversar com eles sobre o que se passou, o que aconteceu e sobre os resultados desse período. O ano acaba, outro se inicia, tudo vai sendo feito no modo automático, e, quando percebemos, estamos diante de pessoas que não encontram recursos para se tornarem melhores naquilo que fazem, pois simplesmente fazem. 

Portanto, aproveite esse momento de fim de ano e crie, de acordo com a idade de seu filho, uma lista de tópicos a serem avaliados: pense em atitudes, posturas, virtudes. Levante algumas situações que concretizem esses tópicos, por exemplo: 

Pontualidade: O filho se apronta a tempo de chegar à escola no horário? Entrega os trabalhos e lições no prazo marcado? 

Responsabilidade: Faz as atividades necessárias com autonomia? Precisa ser lembrado de suas tarefas e atividades? 

Respeito: Trata os amigos de modo cortês e educado? Ouve os professores com atenção e coloca sua opinião sem agredir ou menosprezar? 

Os maiores poderão, inclusive, sugerir aspectos a serem avaliados. 

Fomente que façam uma re- flexão e que percebam como se saíram nesses aspectos. Mediante essa reflexão, poderão identificar seus pontos fortes e suas fragilidades; poderão colocar metas para o próximo ano e, mais do que isso, irão percebendo que a vida é responsabilidade deles, que precisam fazer escolhas e colocar metas se quiserem ser pessoas melhores, alçar voos maiores. Claro que, como crianças e adolescentes, precisam de nosso olhar, de nossa ajuda, de nossas ponderações. Mas, com esse exercício, aguçarão o olhar rumo ao autoconhecimento, que é tão importante. 

O processo de amadurecimento pessoal pressupõe uma capacidade de ganhar autodomínio e, se não nos conhecemos, fica muito difícil nos dominarmos, não é mesmo? Se não formos fomentando que nossos filhos se conheçam, que percebam com alegria suas habilidades e com coragem e humildade suas dificuldades, não os ajudaremos a crescer em autoconhecimento e, consequentemente, em autodomínio. 

É comum encontrarmos, hoje, pais de adolescentes, ou mesmo de jovens, inconformados, surpresos com o fato de que os filhos não assumem para si suas tarefas, os desafios, esperam dos pais muito mais do que precisariam esperar nessa etapa da vida. Mas não percebemos que isso é fruto do processo educativo que tem sido oferecido, um processo aleijado, que não treina os filhos na habilidade que se espera que tenham. Muitos pais vão fazendo de forma automática, falando sem ouvir, expondo seus pareceres sem fomentar reflexão, esperando resultados sem estabelecer metas em conjunto com os filhos e, ao final do processo, cobram dos filhos o resultado que esperavam, mas que não compartilharam, ou que simplesmente apresentaram em algum momento como uma “bronca”. (Vamos ver se no ano que vem isso não acontece mais, hein?)

Acreditem: investir tempo em conversas dessa natureza trará resultados muito mais efetivos e marcará a vida dos filhos de modo positivo, trazendo-os para agir de modo progressivamente mais autônomo e responsável. 

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram:@sifuzaro 

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