Herodes continua a perseguir Cristo

Os textos bíblicos relacionados ao Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo mostram como, desde o seu nascimento, o Filho de Deus sofreu perseguições. A primeira delas foi perpetrada por Herodes, ao saber que os magos do Oriente buscavam conhecer o Rei dos judeus que acabara de nascer. Enfurecido, mandou matar todos os meninos de Belém e arredores de até dois anos.

Ao longo da vida pública de Jesus, foram muitas as ocasiões em que detentores do poder temporal se incomodaram com a presença e as ações de Cristo, que proclamava a todos um reino que não é deste mundo.

O desejo de restringir a liberdade cristã não é exclusivo dos tempos bíblicos. Ainda hoje, há lugares onde professar a fé no Cristo é motivo de perseguição. E não é preciso ir longe: basta olhar a atual situação da Nicarágua, na América Central, onde membros da Igreja Católica têm sido presos e as manifestações religiosas públicas restritas pelo regime ditatorial do presidente Daniel Ortega.

Nem o período das festividades natalinas foram poupados. Em duas semanas, 15 padres, um bispo e dois seminaristas foram detidos. No dia 31 de dezembro, diversas igrejas de Manágua e arredores não abriram as portas para as celebrações, devido à prisão de seus párocos.

Uma escalada sem precedentes mesmo para a Nicarágua, que desde 2018 vem perseguido todas as entidades independentes, desde associações até os meios de comunicação, incluindo a Igreja Católica.

Entre abril de 2018 e agosto de 2023, foram registrados 667 ataques: insultos, profanações, agressões, sequestros e encarceramentos arbitrários contra a Igreja. Em 2022, ocorreram 171 incidentes violentos, número ultrapassado nos primeiros oito meses de 2023, quando totalizaram 203. Oitenta e três religiosas de diferentes ordens e congregações e 70 sacerdotes foram exilados.

Em março passado, duas universidades foram “confiscadas” pelo governo nicaraguense e o estatuto jurídico da Caritas no país foi cancelado. Contas bancárias de dioceses locais foram congeladas, com a alegação de investigação por parte da polícia nicaraguense. Nessa mesma época, o Núncio Apostólico, Dom Waldemar Stanislaw Sommertag, foi expulso do país. Entre os presos das últimas semanas está Dom Isidoro del Carmen Mora Ortega, Bispo de Siuna, sequestrado após rezar por Dom Rolando José Álvarez Lagos, Bispo de Matagalpa, detido em agosto de 2022 e condenado a 26 anos de prisão em fevereiro do ano passado, acusado de “traição à pátria”.

Na oração do Angelus do dia 1º, o Papa Francisco expressou preocupação com a situação de membros da Igreja privados da liberdade na Nicarágua. O Pontífice manifestou a sua “proximidade na oração a eles, às suas famílias e a toda a Igreja do país” e apelou a todos os católicos a “rezarem insistentemente” para encontrar “um caminho de diálogo para superar as dificuldades”.

Apesar das perseguições, a Igreja nicaraguense não se deixa abater e continua a sua missão. No sábado, 6, o Cardeal Brenes ordenou nove sacerdotes para a Arquidiocese de Manágua. O florescimento de vocações em meio à tribulação confirma na fé o povo de Deus presente na Nicarágua e nos convida à oração para que permaneçam enraizados naquele que é o Rei do universo.

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