Jesus nos convida a estarmos atentos para reconhecer os sinais, pequenos e grandes, que Deus concede continuamente para orientar nossas vidas (cf. Mt 16,3). Ele repreendeu os fariseus e saduceus pois, sem reconhecerem a presença do Senhor que lhes estava bem diante dos olhos, condicionavam a sua fé em Jesus à verificação de milagres extraordinários (Mt 26,4). Nosso Senhor lhes prometeu que o único sinal a ser dado seria “o de Jonas”, isto é, a sua Paixão, Morte e Ressurreição. No entanto, nem isso lhes serviria; não tendo sido capazes de acreditar nem mesmo diante do próprio Jesus e de suas palavras, eles não se converteriam mediante nenhum outro “sinal”. Aliás, mesmo se alguém ressuscitasse dos mortos, eles não creriam (cf. Lc 16,31), cegos e surdos que estavam para os sinais de Deus.
Isso porque um dos modos pelos quais Deus confunde os soberbos é o seguinte: Ele realiza coisas grandiosas por meio de sinais aparentemente pequenos ou insignificantes. Na Eucaristia, por exemplo, vê-se apenas um pouco de pão e vinho sobre os quais algumas palavras são pronunciadas. É um sinal muito simples por detrás do qual se renova o Sacrifício de Cristo, e Ele mesmo se torna presente. Nem todos são capazes de enxergar! Na Confissão, o sacerdote apenas estende a mão e pronuncia, in persona Christi, a fórmula da absolvição… E eis que o fiel arrependido é reconciliado com Deus e recupera a graça santificante.
Assim, também, o sinal por meio do qual os pastores e magos reconheceram o Salvador era muito simples e comum: “isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12); e “viram o Menino com Maria” (Mt 2,11). Algo absolutamente normal, a não ser pelo fato de que esse Menino é Deus e a Mãe é Virgem e sem pecado. Mas isso é incompreensível para tantos!
São Mateus interpretou esse acontecimento à luz da passagem de Isaías 7,14, segundo a versão grega da Bíblia: “o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14). Esse pequeno sinal está relacionado ao “grande sinal” do Apocalipse: “uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1). Somente se torna capaz de ver as maravilhas de Deus quem, com o coração aberto, aprende a contemplar seus pequenos sinais.
Por isso, reconheçamos os muitos sinais que Ele nos dá! Nos Sacramentos, nos Evangelhos, nas Escrituras, em toda a história da salvação, e até nos pequenos sinais da bondade divina que permeiam nosso cotidiano, como pessoas, acontecimentos e coisas simples que manifestam o amor do Senhor por nós, vejamos a bondade de Deus! Que Jesus nos conceda adorar com simplicidade, como os pastores de Belém, o sinal maravilhoso da sua Humanidade Santíssima. Que, reconhecendo-O desde já, preparemo-nos para vê-lo face a face no Céu, sem a necessidade da mediação de sinal algum.