O desânimo não é novidade na história humana. Jesus compadeceu-se das multidões porque ‘estavam cansadas e abatidas’ (Mt 9,36). Diante dessa triste constatação, escolheu os doze apóstolos e os enviou para expulsar demônios, realizar curas e fortalecer os que padeciam de fraqueza física ou espiritual (cf. Mt 10,1).
A ação da Igreja no mundo começou com o encargo de fortalecer os que se encontram fracos. Ainda hoje, por meio da Unção dos Enfermos, ela encoraja os doentes, comunicando-lhes fé, esperança e vigor. Pela Confissão, a Igreja – na verdade, o próprio Jesus – cura as chagas das almas e perdoa os pecados. Por meio da pregação, fortalece os que estão fracos na fé. Pelo serviço caritativo em hospitais, creches e casas de acolhidas, sustenta os que padecem de alguma debilidade material.
A fraqueza humana, em certo sentido, é a razão de ser da Igreja no mundo. O Filho de Deus se fez homem porque se compadeceu de nossa fraqueza! Para consolar os cristãos de Roma, Paulo recorda: “Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu por nós” (cf. Rm 5,6). O próprio Deus declara a debilidade da nossa condição: “És pó, e ao pó deverás retornar” (Gn 3,19). Assim, reconhecer a própria fraqueza é necessário para que tenhamos parte com Ele.
Existe uma fraqueza ruim. É aquela dos pusilânimes, dos que se fazem de vítimas, dos que reclamam o tempo todo, dos que fogem das suas responsabilidades, dos que deixam tudo inacabado e dos que não querem se cansar pelos demais. É possível que muitos dos que agem assim o façam porque se acham “fortes”. Talvez, não contem suficientemente com o auxílio divino, não pensem nos outros, sejam centrados em si mesmos e, consequentemente, caem facilmente. Julgando-se vigorosos, quando descobrem seus pontos fracos, desesperam-se.
Mas há uma fraqueza boa. É a dos que reconhecem que precisam do Senhor, que constatam a necessidade de serem ajudados pelos demais, que compreendem que o cansaço e a sensação de impotência fazem parte da vida neste mundo. Esta fraqueza boa nos torna compassivos e solidários, como Nosso Senhor, que teve compaixão de nós porque Ele mesmo passou por provações semelhantes (cf. Hb 4,15). Ele recebeu a ajuda do Cireneu; pediu água à Samaritana; na Cruz, rezou “Meu Deus, por que me abandonaste?”; ao ser sepultado, contou com a caridade de José de Arimateia.
Por isso, ao se referir ao ministério de fortalecer os demais, Paulo ressalva: “Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que esse incomparável poder seja de Deus, e não nosso” (2Cor 4,7). Encontramos paz ao percebermos que somos barro quebradiço e que toda força vem do Senhor! Recordando a árdua fuga do Egito, Deus disse a Moisés: “Vistes como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a Mim” (Ex 19,4). Ele nos leva e até nos faz voar, ainda que nos sintamos sem forças e no chão! Não nos desesperemos com nossa própria fraqueza! Jamais entreguemos os pontos! Afinal, “quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Cor 12,10).