Fomos feitos para ser espiritualmente fecundos

Na parábola do semeador, Jesus recorda a necessidade que temos de ‘dar frutos’. Fomos feitos para ser espiritualmente ‘fecundos’: ter vida santa, amar a Deus e ao próximo, servir os demais, perdoar as ofensas e ajudar outros a conhecerem o Senhor. Cristo compara as almas – ou os estágios da vida de uma pessoa – à terra, que pode ser boa ou ruim. A Palavra de Deus é como a semente que, sendo lançada por toda parte, precisa apenas encontrar um chão fértil para frutificar.

O primeiro possível defeito do ‘solo’ é ouvir a Palavra ‘de má vontade’. Como semente lançada pelo caminho e que logo se perde, assim são os que não se interessam por Deus, pelos Mandamentos e pela busca da salvação eterna. Trata-se das pessoas mundanas como Herodes, que queria ver Jesus quando muito por curiosidade irreverente e sem um desejo sincero da Verdade.

O segundo defeito é a superficialidade. Como uma semente que brota em terreno pedregoso e raso – e que portanto não tem raízes – assim são os que chegam a vislumbrar algo a mais no Evangelho, mas logo desistem. Vivem sempre no condicional: ‘Eu gostaria de ter mais fé’, ‘eu queria ajudar mais o próximo’… Contudo, porque não estão dispostos a comprometerem a própria vida com uma entrega maior, são inconstantes. Não se esforçam para rezar, nem aceitam fazer renúncias por Deus e pelo próximo. Jamais chegam a ‘entrar de cabeça’ em nada, pois querem conciliar seus ideais com a facilidade e a comodidade.

O terceiro defeito é o apego às coisas deste mundo. Aqui se incluem aqueles que deram bons passos no amor a Deus, que buscam o Senhor, que descobriram o sabor da oração e que chegaram a se aprofundar na doutrina cristã, mas não foram até as últimas consequências da vocação cristã. Trata-se de pessoas ‘ótimas’ e ‘acima da média’ que, vistas de fora, são consideradas ‘muito católicas’. Receberam graças especiais do Senhor, fazem o bem ao próximo, ajudam na paróquia, têm um amor sincero a Jesus, mas… vivem como se fossem passar a eternidade neste mundo. Para esses, a saúde, a segurança econômica, as ambições profissionais e outras aspirações honestas prevalecem sobre o desejo de amar a Deus. Por isso, não chegam a dizer ‘sim’ a uma vocação de maior entrega ou, tendo-o dito, não a abraçam até as últimas consequências. Não se abrem totalmente à vida no Matrimônio. Não se comprometem em aproximar outras pessoas da fé. Não ajudam economicamente os pobres e a Igreja como poderiam. Sob a escusa da ‘prudência’ e da ‘moderação’, renunciam a ter verdadeira intimidade com o Senhor.

Por fim, há também a ‘boa terra’. Essa produzirá frutos! Para que ninguém se acomode, o Senhor avisa que a quantidade de frutos varia: ‘Um dá cem, outro sessenta e outro trinta’. De acordo com a capacidade dada por Deus e de acordo com a generosidade de cada um, sempre é possível amar mais, rezar mais, servir e fazer mais apostolado. O Senhor lança a semente com largueza em todos os solos; quem se abrir generosamente colherá generosamente!

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