12º DOMINGO DO TEMPO COMUM 21 DE JUNHO DE 2020
Jesus encoraja os discípulos: “Não tenhais medo dos homens!” (Mt 10,26). Ele previa que, por anunciar o Evangelho, muitos sofreriam uma morte violenta. Sabia, também, que, além do martírio de sangue, os cristãos passariam ao longo da história pela tentação do que chamamos “respeitos humanos”. Esta expressão designa o medo excessivo que podemos experimentar ao ter de manifestar publicamente a nossa fé em Jesus ou ao ter de, em virtude de nossas convicções, agir de modo diferente de como “todos” agem.
É preciso pagar um preço por nos declararmos publicamente cristãos! Pode ser apenas um sorriso irônico. Ou um rótulo de “fanáticos”, “fundamentalistas”, “antiquados”. Para alguns trabalhadores – médicos e enfermeiros que se recusam a fazer um aborto, comerciantes que rejeitam vender coisas indecentes ou agentes públicos que se negam à corrupção -, a objeção de consciência pode custar um emprego ou oportunidade de trabalho. Em casos extremos, como em países islâmicos ou comunistas, a fé cristã pode levar à cadeia ou mesmo à morte.
Por isso, o Senhor exorta: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10,28). Segundo São João Crisóstomo, com estas palavras, Jesus quer levar-nos a um santo temor a Deus. Afinal, temer ofender o Senhor é o que nos liberta do medo de desagradar aos homens. Quem não teme a Deus treme diante dos juízos e ameaças humanos. Quem teme o Senhor se vê livre de preocupações inúteis, pois sabe que nada vale mais do que ter a consciência limpa diante do Criador.
Tanto é assim que Jesus chega a ponto de dizer: “Felizes sois quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11s). Está de certo modo previsto que quem for fiel ao Senhor encontrará incompreensões e contrariedades dos homens. Ele alertou: “O discípulo não está acima do mestre; se chamaram de Beelzebu ao chefe da casa, o que não dirão de seus familiares!” (Mt 10,25). Jamais devemos ver o preço da fé como excessivamente alto!
Para que não titubeemos, Nosso Senhor é enfático: “Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32s). Podemos exercitar essa coragem a partir das coisas pequenas: ao rezarmos antes de comer, ao fazermos o sinal da cruz em público, ao fazermos uma genuflexão devagar e com devoção quando entramos na igreja. Sendo fiéis nas coisas pequenas, será mais fácil não o renegar nas coisas grandes.
O Senhor conhece o íntimo dos corações e nos perscruta a cada instante. Agradá-lo vale mais do que toda a honra do mundo; estar na sua graça vale mais do que todas as riquezas da terra!