‘O semeador saiu para semear…’

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM 12 DE JULHO DE 2020

Na parábola do semeador, Nosso Senhor recorda a necessidade que temos de “dar frutos”. Fomos feitos para ser espiritualmente “fecundos”: ter vida santa, amar a Deus e ao próximo, servir os demais, perdoar as ofensas e ajudar outros a conhecer o Senhor. Cristo compara as almas – ou os estágios da vida de uma pessoa – à terra, que pode ser boa ou ruim. E a Palavra de Deus é comparada a uma semente que, sendo lançada por toda parte, precisa apenas encontrar um chão fértil.

O primeiro defeito do solo é ouvir a Palavra “de má vontade”. Como semente lançada pelo caminho que logo se perde, assim são os que não se interessam por Deus, pelos mandamentos e por buscar a salvação eterna. Trata-se de pessoas mundanas, como Herodes, que queria ver Jesus por mera e irreverente curiosidade, sem desejo da verdade.

O segundo defeito é a superficialidade. Como uma semente que brota em terreno pedregoso e raso – e, portanto, não tem raízes –, assim são os que chegam a vislumbrar algo a mais no Evangelho, mas logo desistem. Vivem sempre no condicional: “Eu gostaria de ter mais fé”, “Eu queria ajudar mais o próximo”… Contudo, porque não estão dispostos a “complicar” a própria vida, são inconstantes. Não se esforçam para ter vida de oração, nem querem fazer renúncias por Deus e pelo próximo. Jamais chegam a “entrar de cabeça” em nada, pois querem conciliar seus ideais com a “facilidade” e a comodidade.

O terceiro defeito é o apego às coisas deste mundo. Pode incluir pessoas que deram bons passos no amor a Deus, buscam o Senhor, descobriram o sabor da oração e chegaram a se aprofundar na doutrina cristã… Homens e mulheres que, de fora, são considerados “muito católicos”; receberam graças especiais do Senhor; fazem o bem ao próximo; ajudam na paróquia; têm um amor sincero a Jesus… Este defeito pode pertencer a pessoas “ótimas” e “acima da média”, que, no entanto, vivem como se fossem passar a eternidade neste mundo.

A saúde, a segurança econômica, as ambições profissionais e outras aspirações honestas prevalecem sobre o desejo de amar a Deus. Por isso, não chegam a dizer “sim” a uma vocação de maior entrega ou, tendo-o dito, não a abraçam até as últimas consequências. Não se abrem totalmente à vida no Matrimônio. Não se comprometem a aproximar mais pessoas da fé. Não chegam a ajudar economicamente os pobres e a Igreja como poderiam. Talvez sob a escusa da “prudência” e da “moderação”, renunciam a ter intimidade com o Senhor.

Por fim, há também a “boa terra”! Essa produzirá frutos! No entanto, para que ninguém se acomode, o Senhor avisa que a quantidade de frutos varia: “Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”. De acordo com a capacidade dada por Deus e, de acordo com a generosidade de cada um, sempre é possível amar mais, servir mais, fazer mais apostolado… O Senhor lança a semente com largueza em todos os solos; quem se abrir generosamente colherá generosamente!

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