O ‘Vinho Melhor’

2° Domingo do Tempo Comum – 16 de janeiro de 2021

A Bíblia descreve a relação de Deus com o Seu povo como um matrimônio. O Senhor é um Esposo amoroso, atento e sempre fiel. A Sua esposa, isto é, o povo de Deus, embora por vezes corresponda a esse amor, não raro se mostra inconstante, descuidada e infiel. À semelhança de um bom marido, Deus fez uma “Aliança” conosco: “Comprometi-me contigo por juramento e fiz aliança contigo e te tornaste minha” (cf. Ez 16,8). Ele Se comprometeu para sempre; cumpre agora a nós sermos também fiéis!

Nosso Senhor Jesus Cristo apresenta-se aos apóstolos como o “Noivo” (cf. Mt 9,15) e compara o Reino dos Céus a um banquete nupcial (cf. Mt 22,1-14). Por isso, a Igreja é chamada “Esposa de Cristo” e ouve de São Paulo: “Desposei-vos a um único esposo, Cristo, a Quem devo apresentar-vos como virgem pura” (2Cor 11,2). E, para não deixar dúvidas de que veio estabelecer uma nova e definitiva Aliança com a Igreja, Jesus escolheu justamente uma festa de casamento para realizar o seu primeiro milagre público, em Caná.

São João nem sequer explicita o nome dos noivos que convidaram Maria e Jesus à boda; o Noivo principal era Cristo. Em meio à alegría nupcial, Ele “manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2,11), quando transformou a água em vinho. O vinho remete à Última Ceia, na qual Jesus diria: “Este Cálice é a nova Aliança no meu Sangue” (Lc 22,20); e prenuncia uma alegria maior e mais duradoura do que a embriaguez: a presença do Espírito Santo. Depois da efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos em Pentecostes, algumas pessoas sem fé, vendo-os anunciar as maravilhas de Deus, diziam: “Estão cheios de vinho!” (cf. At 2,13).

Segundo o Evangelho, seis talhas de pedra utilizadas para a purificação dos judeus foram enchidas “até a boca” (Jo 2,7). Simbolizam as seis eras de que, segundo uma antiga compreensão judaica, é constituída a história do mundo. Chegou a plenitude dos tempos! Com Cristo, “tudo está consumado” (Jo 19,30)! As abluções que não eram capazes de purificar deram lugar ao Vinho Novo: ao Espírito Santo, ao Sangue do Senhor e às águas vivificantes do Batismo, que correriam do lado aberto de Cristo na Cruz.

Agora, já vivemos o Matrimônio entre Cristo e a Igreja! Ele se desenvolve em três fases inseparáveis: a vida de Cristo na terra; a celebração da Santa Missa até o final dos tempos; e a Boda definitiva no Céu. A cada Missa, antecipamos o Banquete Nupcial do Cordeiro. O vinho da Antiga Aliança era bom… Mas este Vinho ainda melhor – da Nova e Eterna Aliança – foi guardado e deixado para nós (cf. Jo 2,11)! Agradeçamos a Deus por essa Bebida que nos une à vida eterna!

E agradeçamos Àquela que trouxe o Senhor em seu ventre e que, em Caná, pediu e “antecipou” esse Casamento Eterno: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3)! Com Maria Santíssima, esperamos a vinda definitiva do Senhor! “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’” (Ap 22,17) – “Vinde, Senhor Jesus!”

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