6º DOMINGO DA PÁSCOA 17 DE MAIO DE 2020
Amar é pensar, servir, compreender, rezar por alguém. Se desejássemos o bem, mas não fizéssemos qualquer obra corporal ou espiritual – mesmo uma simples oração – pela pessoa querida, o amor estaria incompleto. São Josemaría dizia que “obras é que são amores, não boas palavras”. O mesmo é verdadeiro com relação ao Senhor! Se nada ou pouco muda em nós por causa Dele, falta-nos amor a Deus! Na medida em que amamos, mudamos hábitos, opiniões, planos e obras.
Na conversão em Damasco, a primeira palavra de São Paulo ao saber que estava diante de Jesus foi: “Senhor, o que queres que eu faça?” (At 9,6). A porta de entrada do amor é querer “fazer algo” a quem se ama! Como Nossa Senhora nas bodas; como Marta, servindo o Mestre; como Jesus, lavando os pés aos discípulos. Isso porque quem ama une a própria vontade à vontade do outro. Dois amigos, dois irmãos na fé, dois recém-casados ou um pai e um filho têm em comum o fato de que, em aspectos importantes da existência, olham numa mesma direção, possuem um mesmo desejo.
Isso não é diferente no que se refere ao amor a Deus. O caminho da santificação consiste em, cada dia mais, querer o que Deus quer! Nosso esforço diário deve ser olhar o que Ele olha, querer o que Ele quer, amar a Sua vontade! O sinal claro de que O amamos é que a nossa vontade esteja unida à Dele! Jesus deu o exemplo disso quando, no Getsêmani, sob grande agonia, rezou: “Pai, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42). E, por isso, afirma: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Se amamos, cumprimos a sua vontade! Querer o mesmo que Deus quer, porém, comporta grande diferença em relação aos amores humanos. Em primeiro lugar, porque o que Ele quer é sempre o melhor para nós. A sua vontade é a que melhor pode nos realizar. Além disso, Nosso Senhor assegura que, àqueles que obedecem aos seus mandamentos, Deus comunica “o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber” (Jo 14,17). E o Paráclito lhe infunde mais amor e conhecimento.
Então, passa a haver um “ciclo virtuoso”. Obedecendo aos mandamentos, o Espírito Santo é dado; por meio do aumento de sua graça santificante, é dada uma maior capacidade de amar, que leva a pessoa a obedecer melhor ao Senhor… E por fim – quem diz é Jesus – “quem me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14,21). Jesus se manifesta a quem lhe obedece.
Há pessoas que têm extrema dificuldade de compreender a fé, ou a doutrina moral, ou de crer nos sacramentos. Talvez o que lhes falta – além de pedir a Deus o dom da fé – é começar a buscar obedecer aos mandamentos no dia a dia. Com essa boa disposição – acompanhada de uma Confissão – virá o Espírito da Verdade. E, com Ele, virá a aceitação, a compreensão e até mesmo o fascínio pelas realidades sobrenaturais. Isso é obra do Espírito Santo! Então, o coração se lançará naturalmente a Deus: “Senhor, o que queres que eu faça?!”