Em 2 de fevereiro, o Menino Jesus é apresentado no Templo de Jerusalém. O lugar que os judeus acreditavam ser a morada de Deus sobre a terra recebeu a divina presença do modo mais excelente possível. Finalmente, o Senhor “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14)! Cumpriu-se a profecia de Malaquias: “Chegaráao seu templo o Dominador” (Ml 3,1). Para significar e honrar essa presença luminosa – que se estende aos sacrários das igrejas e às nossas almas – acendemos velas e entramos com Cristo no recinto sacro.
A Apresentação de Jesus recém-nascido acenava para a superação do culto de sacrifícios que era então oferecido no Templo de Jerusalém. Resgatado pela oferta de dois pombinhos – como a Lei de Moisés prescrevia para os meninos pobres – Jesus mais tarde se autoproclamaria a vítima verdadeira, o único Cordeiro capaz de carregar os pecados do mundo. Por isso, Ele afirmaria sobre o Templo: “Destruí este santuário e em três dias eu o levantarei” (Jo 2,19). O sacrifício de seu Corpo – oferecido de uma vez por todas na cruz e renovado na Eucaristia – substituiria definitivamente o culto celebrado no monte Sião, ao qual a Sagrada Família se submeteu.
Deste modo, a festa da Apresentação é uma espécie de transição entre o término do ciclo litúrgico do Natal e o início da preparação remota para a Páscoa. Antigamente em alguns lugares – como na França, por exemplo – até esta data usavam-se ainda os paramentos brancos na liturgia. A Apresentação une a alegria do nascimento de Jesus ao anúncio de sua missão expiatória; no Rosário, ela é o mais doloroso entre os mistérios da alegria! Ela estabelece uma ponte entre a Encarnação e a Redenção. Isso é evidente quando São José e Nossa Senhora entregam o Filho ao velho Simeão que, tomando-o nos braços, declara no Espírito Santo: “Este Menino vai ser causa tanto de queda quanto de reerguimento para muitos em Israel. Ele seráum sinal de contradição” (Lc 2,34).
Além da incomparável tortura física e moral imposta a Cristo, a Redenção comportaria também uma singular participação de sua Mãe. Voltando-se a Maria, Simeão prossegue: “Quanto a ti, uma espada te traspassaráa alma” (Lc 2,35). A festa da Apresentação possui, portanto, um forte caráter pascal e mariano. Assim como durante a Crucifixão Cristo se assemelhou a um pecador (cf. 2Cor 5,21), durante a Apresentação a Virgem imaculada aceitou humildemente submeter-se ao antigo rito da “purificação” (cf. Lv 12,7), como se ela tivesse alguma mancha. No Ocidente, este dia foi por muito tempo chamado de festa da Purificação e, popularmente, Nossa Senhora das Candeias ou da Luz.
Com lâmpadas acesas, entremos com o Senhor no santuário! Reconheçamos a sua presença na Eucaristia e em nós: “Luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2,32)! Tendo-nos alegrado com o nascimento e a Apresentação de Jesus, possamos nos unir a Ele em Sua Paixão.