11º Domingo do Tempo Comum – 13/06/2021
Nosso Senhor compara o Reino de Deus ao grão de mostarda, que “é a menor de todas as sementes. Quando semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra” (Mc 4,31s). Antes da manifestação definitiva no final dos tempos, o Reino de Deus será, neste mundo, uma realidade precipuamente interior.
Semeado em nossa alma no Batismo, ele deve ser cultivado como uma pequena semente: com a “água” dos Sacramentos e da oração; com o “sol” da Palavra de Deus; com o “fertilizante” das boas obras; com os “minerais” da penitência. Desenvolve-se escondido sob a “terra”, na discrição da vida interior, e cresce “noite e dia, sem que se saiba como” (Mc 4,27). Compete ao homem plantar e regar com atenção, “mas Deus é quem dá o crescimento” (1Cor 3,6).
É “a menor” das sementes porque ninguém pode ir a Deus sem humildade. Se não nos tornarmos como um “pequenino”, não entraremos no Reino de Deus (cf. Mt 18,3); exaltando-nos, seremos humilhados (cf. Mt 23,12). Quem quiser se unir a Deus, deverá renunciar à tentação da ostentação e da superficialidade de uma vida “para fora”, exposta aos quatro ventos. Temos que cultivar em segredo uma vida de amor a Deus com raízes profundas, oculta aos olhares curiosos. Este é nosso “tesouro escondido” (Mt 13,44). A santidade é uma qualidade conhecida somente por Deus.
O escondimento não sufoca a alma, torna-a grande! Mesmo longe de holofotes, sem possuir seguidores em redes sociais, e sem ocupar cargos cobiçados, aquele que cultiva a vida “para dentro” exercerá uma influência enorme e positiva sobre o mundo. Pequeno por causa do temor a Deus, mas grande na caridade, possuirá longos ramos, que alcançarão pessoas fisicamente distantes. Os pássaros do céu encontrarão abrigo à sua sombra; sua existência será um bálsamo de frescor, de fecundidade e de vida em meio a um mundo árido e estéril.
Não nos enganemos! A “fraternidade” e a “pastoral” que não nascem da semente pequena da vida interior será como aquela figueira que mereceu a maldição do Redentor: disfarçada com folhas vistosas de agitação, pirotecnia e vaidade humana, não gerará frutos duradouros, nem conversão, nem santificação. Ao contrário, a ação impulsionada pela intimidade com Deus será “Como a árvore plantada junto à torrente: dá o fruto no tempo devido e suas folhas não murcham; o que fizer prosperará” (Sl 1,3).
As vidas grandiosas dos Santos, que nos dão sombra e descanso, germinaram na pequenez e na renúncia. As famílias sólidas e belas são “árvores” geradas por pais que sabem ser pequenos e “morrer” diariamente, como uma semente (cf. Jo 12,24). Toda obra de Deus nasce assim! Apostolados imensos, como os iniciados por Sto. Inácio, S. Bento, S. Francisco e tantos outros, germinaram no silêncio, na oração, na solidão, na convalescência, na dor, na pequenez.
E, embora imensas, essas obras são só um grão de mostarda diante do que será o Céu!