A Teologia da encarnação em São Francisco de Assis

A Campanha da Fraternidade de 2023 aprofundou o tema “Fraternida­de e Fome”. Impeliu-nos a nos debru­çarmos sobre o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Vi­vemos a experiência do respeito e da boa convivência humana, e sentimo­-nos todos irmanados para produzir­mos bons frutos, no hoje e em todos os dias e momentos das nossas vidas, como Igreja de Cristo Jesus. Como co­munidade eclesial, sejamos, portanto, sempre convidados a viver e partilhar as benesses e as misericórdias de Deus, sobretudo com os mais fragilizados da nossa sociedade.

São Francisco de Assis, nascido Giovanni di Pietro di Bernardone, sen­tiu o chamado de Deus para a sua exis­tência. Desde muito cedo, percebeu que a riqueza da sua vida deveria ser o Evangelho de Jesus Cristo. Quis man­ter os laços com a sua família, de ricos comerciantes, ao mesmo tempo em que renunciou à riqueza dos bens ma­teriais, para viver como um itinerante. Um Poverello, como Cristo Jesus. São Francisco fez-se pobre na Itália medie­val, assim como o Redentor, quando se manifestou à humanidade, em Belém, no Mistério da Encarnação.

Refletimos e vivemos a Campa­nha da Fraternidade deste ano e fo­mos convidados a olhar para os mais carentes que vivem próximos de cada um de nós. São Francisco de Assis teve a mesma percepção e procurou viver de acordo com a mensagem redento­ra e salvadora de Cristo Jesus. A exis­tência humana passa sob o olhar que temos de nós mesmos, dos nossos familiares e para toda a humanidade. Todos enfrentamos problemas mate­riais ou pessoais. Muitos vivem sem o mínimo necessário para alimentar a si e aos seus. A Campanha da Fra­ternidade buscou mostrar a compre­ensão da Boa Nova e a missão cristã. A Campanha apontou como viver na perspectiva plena do Evangelho de Jesus Cristo. Portanto, nossas preocu­pações não devem ser maiores do que a nossa confiança em Deus. Isso deter­mina que precisamos olhar para nós mesmos e os nossos, como também perceber as necessidades urgentes dos outros, sobretudo os mais vulneráreis.

Em 1223, na cidade italiana de Greggio, São Francisco montou seu primeiro presépio, para adorar a Cris­to Jesus. Apresentou na fragilidade do nascimento do Salvador, o carinho dos seus pais e dos pastores e o acon­chego dos animais. O Santo medieval iniciava um profundo entendimento teológico do Mistério da Encarnação. Cristo Jesus, Deus de Deus, aproxi­mou-se de toda a humanidade, nas­cendo frágil na manjedoura, para nos salvar. Portanto, a Igreja está tendo o privilégio de celebrar os 800 anos da montagem do primeiro presépio, ide­alizado e organizado pelo Poverello de Assis. É importante destacar que a en­cenação do presépio foi uma altíssima Teologia. São Francisco de Assis ser­viu-se, pedagogicamente, das pessoas e dos animais do local, para mostrar a beleza do nascimento do Salvador e o envolvimento é o comprometimento dos homens e mulheres na busca da santidade. É belíssimo preparar em família a cada ano a manjedoura e co­locar as peças que compõem nossos presépios. A estrebaria, Nossa Senho­ra e São José, os Anjos, os pastores, a Estrela, os Magos e os animais são elementos que mostram o cenário do nascimento do Redentor.

“Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). No presépio, São Francis­co de Assis alimentou teologicamente os moradores de Greggio, em 1223, indicando a salvação em Cristo Jesus. Durante a sua vida, como Poverello, o Santo de Assis saciou muitos dos seus coetâneos, com o pão que diariamen­te nos sustenta, sobretudo os mais pobres. Seja, portanto, a montagem e a aproximação no presépio tempo de bonança para toda a humanidade. Sejamos educadores na fé, apresentan­do Cristo Jesus, e partilhando os bens com todos os mais fragilizados.

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Professor Marcos Rubens Ferreira
Professor Marcos Rubens Ferreira
4 meses atrás

São Francisco e suas intuições continuam atualizadíssimos neste mundo do século XXI, queiramos continuar nas pegadas de Jesus Cristo trilhados por tantos homens e mulheres de boa vontade.