A Igreja mantém a missão de evangelizar em todos os momentos da História. Busca metas acertadas para ir ao encontro do outro, em missão e saída permanentes. O Papa Francisco insiste, continuamente, na conversão da Esposa de Cristo. O que isso significa? O que implica a conversão da Igreja? “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, exigida pela conversão pastoral, só se pode entender neste sentido: fazer que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de ‘saída’ e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. Como dizia São João Paulo II aos Bispos da Oceania, ‘toda a renovação na Igreja há de ter como alvo a missão, para não cair vítima de uma espécie de introversão eclesial’” (Evangelii gaudium, nº 27).
Cristo Jesus edificou sua Igreja no mundo e a quis presente em todos os quadrantes da Terra. Como entender a Igreja que deve se fazer em saída e como compreender onde se localizam as periferias do mundo? “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG, nº 20). Toda a Terra é lugar de missão. Precisamos descobrir lacunas para anunciar Jesus Cristo. Missão não é estar lá, como lugar distantes. É ao mesmo tempo estar aqui, se aqui onde estou é lugar e ambiente para tornar presente o Evangelho da Vida.
O Papa Francisco, em primeiríssimo lugar, postula a riqueza e a alegria do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele solicita que a Boa-Nova seja lida e entendida com renovada alegria. Também admite, porém, que o Evangelho seja anunciado a todos os homens e mulheres, em todos os recantos da sociedade local e em todos os rincões da Terra, sem desmerecer nenhuma pessoa ou localidade. Afirma que devemos querer Jesus Cristo como centro de nossas vidas e proclamá-lo em todas as periferias geográficas e existenciais. Reafirma o Pontífice que precisamos estar em “estado permanente de missão” (EG, nº 25).
O Pontífice prorrompeu aos católicos a necessidade de ir às periferias do mundo. Alguns entenderam chegar a diversos mundos; outros ir às periferias das cidades, grandes ou pequenas. Entendo que as premissas primeiras são verdadeiras, mas podemos entender, também, que ir às periferias é chegar ao mais profundo das misérias humanas. Onde quer que esteja alguém sofrendo na solidão, por falta de um ombro ou ouvido amigos, ou vivendo na secura, envolto nas mágoas e ressentimentos, oferecer um silêncio reconfortante e um bálsamo das misericórdias, à luz do Bom Pastor, sempre será uma grande contribuição da nossa parte, pequena que seja. Sempre em frente e confiantes, como Igreja de Cristo.
Padre José Ulisses Leva é professor de História da Igreja na PUC-SP.