Viver bem o tempo presente

Fomos todos surpreendidos pela pandemia do novo coronavírus. Depois de 1918, com a gripe espanhola, que dizimou muitas pessoas ao redor do mundo, acreditávamos que estaríamos livres de enfermidades virulentas e mortais. No hoje de nossas vidas, estamos tentando viver e conviver com o vírus, e estamos isolados e distantes dos nossos pais, familiares e amigos.

Uma vez ou outra, ouvimos falar no retorno de enfermidades consideradas erradicadas: febre amarela, sarampo, ebola, zika vírus e outras moléstias. Ficamos atentos e preocupados, mas também destemidos, porque logo o Ministério da Saúde nos alerta de que devemos nos precaver, com as vacinas já existentes. Nos primeiros decênios do nosso milênio, sobretudo nos continentes asiático e africano, e, também, no Oriente Médio, o aparecimento de doenças respiratórias alertou o mundo para uma contaminação maciça da população e uma possível disseminação mundial. Tudo, porém, a larga escala, parecia-nos distante, porque pouco e quase nada atingia a nós e aos nossos mais próximos. E assim a vida seguia seu curso, naturalmente.

Quando, em fevereiro deste ano, vimos a disseminação do novo coronavírus, por todos os continentes, e a decretação da pandemia, ficamos alarmados. O que estamos ouvindo? O que vamos falar? O que queremos ver? A COVID-19 tomou proporções gigantescas e nos tornou frágeis e incapazes. Ao redor do mundo, os países tomaram medidas de proteção e contenção. Experimentamos de perto algumas medidas de isolamento. E, quanto mais distantes ficávamos uns dos outros, mais nos tornávamos fragilizados. Os números ficaram cada vez mais assustadores. As cifras são de pessoas que foram e ainda são contaminadas e de quantas foram a óbito.

Diante do medo do contágio, diante da angústia dos acontecimentos e frente à fragilidade e impotência ao enterrar tantos entes queridos, uma pergunta surge para aguçar nossos sentidos: como viver o tempo presente? Talvez a pergunta deva ser expressa com uma ênfase maior: como viver bem o tempo presente? A resposta requer um momento de silêncio, para buscarmos, no mais íntimo de nós mesmos, um respiro e um alento. Diante de tantas indagações sobre o vírus e a pandemia, muitos estão dando suas opiniões. Essa pergunta, porém, exige de cada um de nós uma resposta pessoal, profunda e autêntica, para que en contremos sentido em prosseguir nessa situação em que nos vemos imersos.

Podemos propor um itinerário para que essa resposta seja assertiva. Como vivíamos o nosso tempo antes que a pandemia entrasse nas nossas vidas? Como aproveitávamos nossos momentos com os nossos mais próximos? Como nos relacionávamos com aqueles que compartilhavam o mesmo ambiente de trabalho e escolar? Como era e o que marcava nossa vida de oração pessoal e comunitária? Quanto Deus estava presente na nossa vida?

Aguardamos, ansiosamente, uma vacina contra o vírus da COVID-19. Depende de nós ficarmos vigilantes e tomarmos as devidas precauções no combate a essa enfermidade mortal, e da ciência encontrar o antídoto do coronavírus. Podemos afirmar, porém, que o melhor remédio para bem viver é conhecer a nós mesmos.

À luz da Sagrada Escritura, estaremos sempre diante de Deus, frente à sua grandeza e misericórdia. E ouvindo Deus falar, enquanto saboreamos a Divina Palavra, seremos inundados de paz, serenidade e conforto, para que hoje, mesmo isolados, busquemos rezar e pedir o bem por nós mesmos, pelos nossos e por toda a humanidade.

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