Os frutos da Quaresma

3º DOMINGO DA QUARESMA 20 DE MARÇO DE 2022

Fomos postos no mundo por Deus para “dar frutos”! Uma árvore frutífera não é plantada somente para ocupar espaço, absorver nutrientes do solo e oferecer alguma sombra; ela existe para alimentar os homens. Cresce, absorve água e nutrientes, para que um pouco da sua própria vida seja dada aos outros. Serve para beneficiar o entorno e propagar, por meio dos frutos, a sua boa semente.

Também nós existimos para sermos espiritualmente fecundos. Se desejássemos apenas nos nutrir, ocupar espaço e nos proteger, perde ríamos o sentido da vida. Temos de, na ordem da graça, gerar e alimentar os demais. “Não fostes vós que me escolhestes, Eu é que vos escolhi e estabeleci, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16), disse Jesus. Mas em que consistem esses frutos?

Para quem recebe a graça da paternidade ou maternidade, tal fecundidade é inclusive física: “Sede fecundos e multiplicai-vos!” (Gn 1,28). Pelo Matrimônio, um casal povoa a terra e o Céu, aumentando a Igreja em tamanho e em amor. Assim, coopera com Deus na obra da criação. Os frutos gerados por sua união serão, por toda a eternidade, filhos de Deus. No Céu, os pais terão uma alegria ainda maior ao contemplar a glória dos filhos que eles, ao custo de sacrifícios, aceitaram e educaram para Cristo e que, sem a sua generosidade, simplesmente não existiriam!

Todos nós, cristãos, porém, somos chamados a dar frutos espirituais: amor, fé, esperança na vida eterna, arrependimento, obras de misericórdia e apostolado. São Paulo especifica ainda alguns frutos que se esperam da alma de um cristão: “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, continência” (Gl 5,22-23). Estes não são uma teoria ou meros bons sentimentos; devem se concretizar em obras, que Deus e os homens colherão no tempo oportuno. Por isso, o Batista adverte: “O machado está posto na raiz das árvores; toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo!” (Lc 3,9).

No Evangelho deste domingo, Jesus conta a parábola de uma árvore sem frutos. O dono do campo se impacientava: “Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?” (Lc 13,7). Um bom agricultor lhe pediu mais uma chance: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás” (Lc 13,8).

A Quaresma é uma nova chance para que demos fruto: “Buscai o Senhor enquanto Ele pode ser achado, clamai por Ele agora que está perto!” (Is 55,6). Por meio de um exame de consciência mais atento, da oração mais intensa, da penitência mais generosa e de um maior zelo pelo próximo, descobriremos o que é preciso fazer (ou deixar de fazer) para que nossa vida seja fecunda. Confiemos e sejamos sinceros! O Senhor é paciente! Ele mudará nosso interior e nos fará dar frutos de sincero amor e conversão.

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