Perdoar alguém é esquecer por completo o mal que essa pessoa nos fez?

Hoje respondo à seguinte dúvida da Elisângela Cristina: “Padre, quando perdoamos a alguém e não esquecemos o que essa pessoa fez, mesmo que seja para servir de lição, é certo? Ou devemos perdoar e esquecer o mal por completo?”.

Se existe uma virtude difícil de viver, essa é a virtude do perdão. Por uma razão: a ofensa mexe com aquilo que nós mais prezamos, a nossa honra, o nosso orgulho. Há realmente ofensas que marcam profundamente a nossa vida. Pense na mãe que perdeu um filho assassinado ou naquele que teve sua honra destruída por uma calúnia, ou na ingratidão de alguém pelo qual a gente fez o que podia e não podia.

É difícil perdoar. E quem disser que não é, está faltando com a verdade.

Por outro lado, não existe virtude que mais faça bem pra gente do que a virtude do perdão, pois liberta quem perdoa e quem é perdoado. Liberta quem perdoa, porque este arranca do coração algo que está amargando a sua vida e lhe tirando a paz. E o perdão liberta quem é perdoado, porque não pesará mais sobre essa pessoa aquela culpa e, assim, pode repensar sua vida.

Agora, esquecer ou não esquecer a ofensa não é importante. Há certos fatos que não dá pra esquecer. Às vezes, certas ofensas marcam tanto a vida da pessoa que comprometem para sempre um relacionamento. O perdão consistirá em não fazer mais da ofensa um problema. Consistirá em não alimentar mais o ódio no coração. Consistirá em até orar pelo ofensor para que ele tenha paz e seja feliz, sem que isso signifique que devamos conviver com ele.

O grande mestre do perdão é Jesus. Devemos aprender com Ele. Eu acho muito engraçado o que dizem algumas pessoas como desculpa para não perdoar. Elas dizem: “Eu? Perdoar? Eu não sou Deus. Quem perdoa é Deus”. Não, não, não! Todos nós somos chamados a perdoar, porque somos filhos desse Deus que é misericórdia e perdão. E nunca é demais lembrar o que Jesus nos ensinou a pedir no Pai-nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

 Portanto, devemos perdoar sempre, porque Deus nos perdoa sempre. Devemos nos libertar de todo sentimento de ódio, rancor, revanche, sentimento de vingança. A experiência de vida dirá se devemos ou não conviver com ela. Esquecendo ou não a ofensa, colocamos a experiência ruim que tivemos nas mãos de Deus e, livres, vamos recuperar a alegria de viver.

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