O Batismo de Jesus foi diferente do nosso, uma vez que ainda estava inserido na tradição judaica. João Batista convocava o povo à conversão a Deus e a se preparar para algo importante, que estava por acontecer. Como sinal de conversão e de purificação, ele administrava o Batismo. Assim, também Jesus entrou na fila dos pecadores e recebeu o Batismo, embora não fosse pecador nem necessitasse de conversão.
O Batismo de Jesus marcou o início de sua vida pública e de sua missão de Salvador. Foi um momento de teofania, de manifestação da Trindade Santa e de revelação sobre quem era Jesus. O Espírito Santo pairava sobre ele em forma de pomba e, da nuvem, ouviu-se a voz de Deus Pai, dizendo: “Este é meu Filho amado, ouvi o que ele diz”. Jesus é apresentado à humanidade por Deus Pai como o Filho amado e ungido pelo Espírito Santo para a missão de anunciar o Evangelho do Reino de Deus. É ordem de Deus: todos devem ouvir o Filho, que traz ao mundo a palavra da verdade e a vida nova do Reino de Deus. João Batista, aponta para Jesus, dizendo que ele é o “cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
O nosso Batismo é fruto da obra redentora de Jesus Cristo. São Paulo diz que fomos batizados na morte de Jesus, sepultados com Ele para o pecado e ressuscitados com Ele para a vida nova no Espírito Santo. Mediante o nosso Batismo, recebemos a participação na obra redentora de Jesus Cristo, no sentido mais pleno: misericórdia, perdão, vida nova e a dignidade imensa de filhos e filhas de Deus. Recebemos o dom do Espírito Santo e a graça santificadora, que nos capacita a realizar as obras de Deus.
O Batismo é um dom imenso, que nem conseguimos mensurar com nossos conceitos humanos. A Igreja Católica ensina no seu Catecismo que, pelo Batismo, somos purificados do pecado original, o que significa que não estamos mais necessariamente submetidos ao pecado, e somos capacitados a realizar o bem, pela graça de Deus. Pelo Batismo, recebemos a graça da filiação divina e somos também feitos herdeiros dos bens de Deus, podendo começar a tomar parte nos Sacramentos e no patrimônio dos bens espirituais da Igreja, povo de Deus e família de Deus.
Mediante o Batismo, somos feitos templos de Deus e o Espírito Santo passa a morar em nós. São Paulo chama a atenção da comunidade de Corinto, onde havia membros levando vida escandalosa e imoral, questionando-os: “Vocês esqueceram que são templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vocês?” De fato, pelo Batismo recebemos uma dignidade inigualável, por graça de Deus. A vida cristã deve ser expressão dessa dignidade, na superação do pecado e a prática de toda obra boa.
O Batismo também nos faz membros da Igreja, família de Deus, comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo e suas testemunhas neste mundo. Ser membros da Igreja e caminhar junto com ela é um privilégio muito grande. Como é bom saber que estamos rodeados de tantos irmãos e irmãs, que têm a mesma fé que nós temos e a mesma esperança que nos anima! Não estamos sozinhos, nem precisamos carregar sozinhos o mundo às nossas costas… O exemplo e o testemunho dos Santos e Santas nos ajuda e encoraja.
O Batismo é a maior graça que recebemos, depois do dom da vida. Na vida cristã, tudo começa a partir do Batismo e, mediante esse dom, começamos a tomar parte na vida da Igreja. Devíamos agradecer a Deus todos os dias por graça tão grande e sentir-nos alegres e felizes por termos Deus como Pai, Jesus Cristo como nosso irmão e Salvador, e o Espírito Santificador como companheiro e amigo, força de santificação e renovação da vida. Na Igreja, todos têm a mesma dignidade fundamental: somos todos filhos queridos de Deus e irmãos entre nós. Todos os outros dons e títulos decorrem do Batismo. Por isso mesmo, todos os batizados também são chamados a participar da vida e da missão da Igreja, povo de testemunhas do Evangelho de Reino de Deus e anunciadores da Boa Nova do amor, da esperança e da vida.
Por falar nisso, você sabe em que dia foi batizado? Em qual igreja, e quem foi o ministro (padre, diácono ou bispo) que batizou você? Lembramos e festejamos o aniversário natalício, e com razão. A vida foi o primeiro inestimável e belo dom que Deus nos deu. Mas deveríamos ter estima e gratidão também pelo dia do nosso Batismo, quando recebemos a vida nova da graça de Deus, a vida divina pelo Espírito Santo e começamos a ter parte na família de Deus. Que tal ter entre seus documentos pessoais também a certidão ou a lembrança do Batismo, que trazem os dados fundamentais de nossa identidade cristã…
E não deixemos de buscar esse dom também para os filhos que nascem nos lares católicos. Assim, eles poderão receber, desde a mais tenra infância, essa graça tão grande e receber a iniciação à vida cristã e à participação na vida da Igreja. Eles agradecerão, mais tarde.
