Que tenhamos um ano abençoado

O que traz este ano para a Igreja e a sociedade? Já iniciamos com sobressaltos e crises. Logo no começo, pranteamos o Papa emérito, Bento XVI, falecido ainda no apagar das luzes do ano velho e sepultado no dia 5 de janeiro. Muito se falou sobre a sua vida e seu legado para a Igreja e para a história.

Tivemos a posse do Presidente da República e dos Governadores no dia 1º de janeiro. A posse presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva para seu 3º mandato recebeu os aplausos entusiasmados de seus apoiadores e os protestos de seus adversários políticos, muitos dos quais seguiam contestando a legitimidade da eleição. O clima político acirrado da campanha eleitoral segue após a posse e explodiu numa ação atentatória contra o Estado democrático e suas instituições, em Brasília.

Apesar do aparente controle da situação, os ânimos não estão pacificados e o risco de novas agitações políticas e sociais não pode ser descartado. Esperamos que a situação se acalme e o convívio social volte à normalidade, sem que isso signifique apatia política, nem cerceamento dos direitos e liberdades constitucionais. A situação à qual se chegou deixa claro o dano social e político promovido pela manipulação da opinião pública mediante informações intencionalmente manipuladas e falsificadas, discursos de ódio e incitação à violência. Tudo isso acaba produzindo efeitos incontroláveis, como os ataques às sedes dos três Poderes da República, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

A Arquidiocese de São Paulo chega ao final da celebração do sínodo arquidiocesano, que se estendeu por seis anos. Em 25 de março será celebrado o encerramento do sínodo, com a divulgação das propostas elaboradas pela assembleia sinodal arquidiocesana.  As grandes questões que o sínodo levantou e que foram objeto de reflexão e discernimento nos vários momentos do caminho percorrido deverão marcar a vida da Arquidiocese na fase pós-sinodal. O sínodo teve, como efeito importante, a tomada de consciência sobre a situação religiosa e pastoral da Arquidiocese, mostrando alguns desafios e urgências que deverão merecer a atenção especial de todos nesta Igreja, que é chamada a ser “testemunha de Deus na cidade”.

Enquanto isso, avança também o processo sinodal universal, convocado pelo Papa Francisco. Em todo o mundo, a Igreja é chamada a se avaliar quanto à sua identidade, vida e missão. Dessa tomada de consciência, espera-se que sejam fortalecidas e recebam novo dinamismo a “comunhão, a participação e a missão”. A assembleia do sínodo universal, por determinação do Papa Francisco, será realizada em duas etapas: em outubro de 2023 e em outubro de 2024.

Começa em 2023 o tríduo de preparação e celebração do Jubileu (Ano Santo) de 2025, já promulgado pelo Papa Francisco. O tema será “Peregrinantes in Spem” (Peregrinos na Esperança”). Para a Igreja, será mais uma ocasião para a tomada de consciência sobre sua identidade, vida e missão. Na preparação e celebração do Jubileu, serão destacados quatro documentos do Concílio Vaticano II: Dei Verbum, sobre a Revelação e a Palavra de Deus; Sacrosanctum Concilium, sobre a Liturgia; Lumen Gentium, sobre a Igreja; Gaudium et Spes, sobre a presença e atuação da Igreja no mundo contemporâneo.

Em agosto de 2023, será celebrada a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa (Portugal). Os preparativos estão em pleno andamento e muitos jovens estão se preparando para participar da Jornada. A participação do Papa Francisco na Jornada é esperada com ansiedade pelos portugueses, mas também pelos jovens de todo o mundo. 

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) celebrará a sua Assembleia Geral em Aparecida entre 18 e 28 de maio. Em pauta, estão a aprovação do novo Regimento Interno da Conferência; as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil para o quadriênio seguinte e a eleição da Presidência e dos Presidentes das 12 Comissões Episcopais Pastorais. É aguardada para breve a publicação do Missal, com o texto revisto ao longo de muitos anos e já aprovado em assembleias passadas.

A Campanha da Fraternidade deste ano, celebrada durante a Quaresma, abordará mais uma vez o tema da fome no Brasil. Esse tema já foi tratado em mais de uma ocasião pela Campanha da Fraternidade. Na atualidade, infelizmente, esse tema crucial se tornou mais uma vez oportuno e necessário, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Como discípulos Daquele que multiplicou os pães para matar a fome da multidão e que recomendou aos discípulos – “dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9,13) – não podemos ficar indiferentes diante do problema social e humanitário da fome. Que seja uma Campanha proveitosa e de muitos frutos. Que tenhamos um ano abençoado!

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