‘Quem Nele crê, não é condenado’

Depois de murmurarem contra Deus no deserto, os israelitas foram atacados por serpentes. Moisés então hasteou uma serpente de bronze à vista de todos; quem a contemplava, mesmo que tivesse sido mordido, era salvo (Nm 21,4). Essa era uma prefiguração de Jesus Cristo que, elevado sobre a haste da Cruz, atrai todos os olhares a si (Jo 12,32). No deserto desta vida, o veneno mortal do pecado foi inoculado em todos nós, mas “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10,13).

Por isso, Jesus diz a Nicodemos: “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que Nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,13). De Nosso Senhor crucificado vêm a salvação e a proteção contra todos os males. Pois “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que Nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Basta olhar para Ele, acreditar e abrir-se. Não importa mais o passado; já não há o que temer com relação ao futuro; é suficiente que hoje, de uma vez por todas, escancaremos as portas para Ele.

O Senhor nos encoraja: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3,17). Cristo não é um “obstáculo” para a salvação; não é um estranho que arbitrariamente vem dificultar nossa vida… Na verdade, Ele é a única salvação, que nos chama, bate à porta e aguarda amorosamente. As obras exteriores da Quaresma – oração, penitência e caridade – têm justamente a finalidade de predispor nosso interior, para que nos abramos a seu chamado! Ele convida: “Recobra o fervor e converte-te! Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo!” (Ap 4,19s).

Crer significa ouvir esse convite que o Senhor faz com delicadeza e discrição, e abandonar-se totalmente em suas mãos. E não poderíamos estar em melhores mãos! Certa vez, Jesus comparou os que não acreditavam Nele a crianças sentadas nas praças que dizem umas às outras: “Nós tocamos flauta e não dançastes!” (Mt 11,17). Ele se apresenta como a Tábua de nossa salvação, mas nós, aturdidos, procuramos apoio em outros lugares! Ele vem até nós, mas hesitamos em abrir! Não dançamos sua música! Ele se apresenta como luz a nossos passos, mas nos refugiamos nas sombras!

Jesus não veio para nos condenar! Contudo, tristemente constata que “o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz” (Jo 3,19). A Salvação está a nosso alcance: basta olhar para Ele, crer e invocá-lo! Coragem! “Quem Nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito” (Jo 3,18). A Quaresma é tempo favorável para darmos o nosso ‘sim’! Basta termos confiança, simplicidade e coragem. Que o Senhor nos ajude; que o Senhor nos abençoe; e que o Senhor nos salve!

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários