Santo, Santo, Santo!

Se Cristo não no-lo houvesse revelado, seria impossível conhecer o maior mistério da fé: Deus é uno e trino. O Antigo Testamento já o havia de algum modo preanunciado. Os três Visitantes misteriosos de Abraão (Gn 18); a Sabedoria divina personificada (Pr 8); as menções ao “Espírito do Senhor” (Gn 1,2); e a invocação a Deus como “Santo, Santo, Santo” (Is 6,3) já apontavam para esse grande mistério.

A plena revelação da Trindade, todavia, foi feita por Cristo. Ele se apresentou como ‘o Filho’ unigênito e igual ao ‘Pai’ e prometeu enviar-nos o ‘Espírito Santo’. Além disso, ordenou aos apóstolos que batizassem “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Em Cristo, a Santíssima Trindade se manifestou inclusive visivelmente, durante seu Batismo (Mt 3,16) e na Transfiguração (Mt 17,5).

A celebração do mistério da Trindade nos leva a reafirmar que cremos em um só Deus em três Pessoas realmente iguais e distintas, Pai e Filho e Espírito Santo. A essência divina é uma só: o Pai é igual ao Filho e ao Espírito Santo. Contudo, as três Pessoas têm relações distintas entre si. O Pai – Fonte e Origem – gera o Filho. O Filho – Sabedoria de Deus – é eternamente gerado pelo Pai. O Espírito Santo é o Amor divino que procede do Pai e do Filho.

Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus; o Pai é imenso, o Filho é imenso e o Espírito Santo é imenso; o Pai é Senhor, o Filho é Senhor e o Espírito Santo é Senhor; o Pai é onipotente, o Filho é onipotente e o Espírito Santo é onipotente; o Pai é eterno, o Filho é eterno e o Espírito Santo é eterno. Contudo não são três ‘deuses’, nem três imensos, nem três senhores, nem três onipotentes, nem três eternos; mas um único Deus imenso, Senhor de todas as coisas, todo-poderoso e eterno. Cremos e adoramos um só Deus em três Pessoas, sem confusão de Pessoas e sem separação da única substância divina.

Do ponto de vista espiritual, esta solenidade nos convida a aprender a nos relacionarmos pessoalmente e sem anonimato com cada uma das Pessoas divinas. Tanto as preces vocais quanto a oração mental podem se dirigir individualmente a cada uma delas. Assim, ao rezar o Pai-Nosso, por exemplo, pensamos na Pessoa do Pai. Com o ‘Vinde Espírito Santo’, nos abrimos ao Paráclito. E, antes da Comunhão, com o ‘Cordeiro de Deus’, falamos ao Filho. Crescemos na intimidade com cada uma das Pessoas, orando-lhes individualmente e percebendo a sua particular presença!

O Pai nos sustenta com a Providência; o Filho se entrega na Santa Missa; o Espírito Santo nos santifica desde o centro da alma, em que Ele habita. Podemos também dialogar com cada uma das Pessoas durante a Missa. Ao Pai é que se dirige toda a oração eucarística. O Filho é o verdadeiro Sacerdote e a Vítima, que renova a oferta que fez de si mesmo no Calvário. O Espírito Santo atualiza os mistérios celebrados e, juntamente com a Palavra de Cristo, realiza o milagre da transubstanciação. E, com profunda reverência, confessamos: Santo, Santo, Santo!

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