São Paulo e o espaço do sagrado

Sergio Ricciuto Conte

A cidade de São Paulo nasceu das bênçãos de Deus, sob o patrocínio de São Paulo Apóstolo, em 25 de janeiro de 1554, pelas mãos dos jesuítas – Padre Manoel da Nóbrega e São José de Anchieta, o taumaturgo –, e da presença e operosidade dos primeiros moradores destas terras.

Uma ermida e um colégio constituíram os primeiros fundamentos da cidade de São Paulo. A fé cristã católica e a educação moldaram desde o início a têmpera dos habitantes deste planalto, emoldurado de belas serras, e um olhar para o futuro, sempre promissor e gigantesco.

Com uma população sempre flutuante, somente em 6 de dezembro de 1645 foi criada a Diocese de São Paulo, e apenas em 1908 foi elevada a Arquidiocese. Os primeiros séculos foram marcados por uma baixíssima presença de habitantes. No primeiro censo feito no Brasil, em 1872, a cidade contava com um pouco mais de 30 mil moradores. Em 1890, a capital chegava à soma de um pouco mais de 64 mil pessoas. Em 1900, um crescimento vertiginoso, chegando a 240 mil paulistanos.

Para acompanhar o crescimento da população e o aumento dos batizados na cidade, em 1912 a antiga Sé foi demolida, para a construção da nova Sé, entregue aos católicos e aos moradores da metrópole em 1954, por ocasião dos 400 anos da fundação da cidade. A cidade se agigantava, sem perder o dinamismo da fé recebida pela Igreja de Cristo.

Em 1942, aconteceu o Congresso Eucarístico Nacional, em São Pauo, com a presença quase maciça da população, em demonstração de fé. Como visualizar a cidade de São Paulo, em 1942, com o Congresso Eucarístico Nacional? Como compreender o espaço sagrado ocupado naquele período histórico, pela Igreja?

O crescimento da cidade foi acompanhado pela presença da Igreja. Crescia a população e novas paróquias eram erigidas, acompanhadas de muitos colégios católicos, tanto masculinos quanto femininos. Da primeira ermida às paróquias. Do primeiro colégio aos quantos colégios, sobretudo os confessionais.

A Arquidiocese de São Paulo, em 2022, vive o Sínodo Universal, iniciado pelo Santo Padre, o Papa Francisco, em 2021, sobre a sinodalidade, na sua etapa diocesana; celebra a primeira Assembleia Latino-Americana e Caribenha, realizada em 2021, e realiza o primeiro sínodo arquidiocesano, idealizado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer.

Em 2022, a Arquidiocese de São Paulo também lembra e celebra os 80 anos do Congresso Eucarístico Nacional, ocorrido em 1942. Momento oportuno de rever a História e buscar compreendê-la, principalmente sob o olhar da fé. Conhecer e revisitar a cidade e seus moradores nos anos 1940, do século XX, e a religiosidade dos seus habitantes. Tempo de ir aos arquivos, de folhear os livros de tombo das paróquias e flanar pelos museus de artes sacras para entender a História. Tempo oportuno de aprender com o passado, aprofundar no hoje e projetar um futuro melhor

Padre José Ulisses Leva é professor de História da Igreja na PUC-SP

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

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