Um título dado por João Batista a Jesus, quando Ele passava, fez com que dois de seus discípulos o seguissem: “Eis o Cordeiro de Deus!” A interpelação de Jesus aos dois discípulos que O seguiam, perguntando o que procuravam, fez com que os dois o chamassem por um outro título: “Mestre, onde moras?” Um dia inteiro passado ao lado de Jesus levou um desses dois discípulos, André, a procurar o seu irmão, Simão, para dar um novo título a Jesus: “Encontramos o Messias”. Porém, quando André levou Simão até Jesus e apresentou a ambos, foi Jesus quem deu um título a Simão: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas”.
Parece um jogo de títulos no qual um diz ao outro quem ele é, ou quem ele representa, mas também quem ele será. O Cordeiro de Deus, quer dizer aquele que será sacrificado, que dará sua vida pela humanidade. Mestre, quer dizer aquele que ensina a Palavra de Deus. Messias, quer dizer o “Ungido”, isto é, aquele que recebeu a missão de Deus. Jesus reúne vários predicados para ser o Servidor da humanidade: que recebeu a missão de Deus, que ensinará sua Palavra e que se sacrificará por todos os homens. É difícil esperar que Ele possa inspirar a nossa vida e nossas ações se for para nós um anônimo em meio à multidão dos seres humanos que pisaram nesta terra, mesmo que tenha feito história e tenha se tornado famoso. Isso se pode dizer de qualquer pessoa. Sua identidade é iluminada pelos títulos que o Evangelho aos poucos vai nos dando. Sua identidade não gira apenas em torno da história pessoal, onde nasceu, o que disse, o que falou.
É importante saber que Ele veio de Deus: que recebeu uma missão, que ensinou a verdade e que se comprometeu, por meio do sacrifício, com a salvação do mundo. Não importa apenas quem Ele foi, mas importa o que Ele representa para cada um de nós. Por outro lado, o título que Jesus deu a Simão, depois de ter dito quem ele era, servirá para dizer quem Simão será e o que representará, para Ele e para a humanidade: “Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas”. Essas palavras de Jesus devem nos colocar também na relação com Ele, para nos perguntarmos sobre quem somos nós para Ele. Quando falamos sobre a missão da Igreja, não estamos falando de um empreendimento humano, nem estamos falando de motivações puramente racionais. Nossa convicção não consiste em correr atrás de algumas ideias. Nossa vida de Igreja, de discípulos e missionários, reflete uma relação pessoal. Nosso agir de cristãos reflete quem Jesus é para nós e o que Ele representa em nossas vidas. E nossa missão de anunciadores dele, não de suas ideias, mas de sua pessoa, reflete a consciência que temos a respeito de quem somos para Ele e também do que representamos na missão do Filho de Deus.