Vinde para a festa

Quem está atento ao texto do Evangelho de cada domingo se recorda que há três domingos o Reino dos Céus foi comparado a um patrão que saiu de madrugada, às nove, ao meio dia, às três e às cinco horas da tarde convidando pessoas para trabalhar na sua vinha. No domingo seguinte, a comparação foi com um pai que convidou dois filhos para trabalhar na vinha. No domingo passado, foi com o proprietário que queria ver os frutos da vinha. Hoje, ele nos convida para uma festa, um banquete para festejar a vida.

Jesus compara o Reino dos Céus com a festa de casamento que foi preparada há muito tempo. Os convidados foram avisados, mas não deram a menor importância: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. Para os dois primeiros, o mais importante era aumentar o patrimônio; já os outros foram além e eliminaram os mensageiros para nunca mais serem incomodados.

Os primeiros convidados são as autoridades religiosas (sumos sacerdotes) e representantes do poder econômico (anciãos do povo). Diante da recusa, o convite é estendido a todos que foram encontrados nas encruzilhadas dos caminhos (bons, maus, santos, pecadores, publicanos e prostitutas).

Aceito o convite, o salão de festa ficou cheio de “excluídos”, aqueles que nunca haviam sido considerados dignos de participar de um banquete em uma festa. Lembremos que a imagem do banquete está muito viva na memória do povo hebreu, especialmente dos mais pobres que se alimentavam muito mal.

Quando olhamos os que recusaram o convite para a festa, percebemos Deus falando que precisamos vencer uma mentalidade que leva as pessoas a serem indiferentes: indiferentes com a grave crise ecológica pela qual passamos; indiferentes com a grave crise humanitária que se mostra na multidão de pessoas morando nas ruas, fugindo de guerras e perseguições; indiferentes no campo da política sem se importar em participar mais ativamente daquilo que compete a cada um de nós inseridos na coletividade… Precisamos ser mais vibrantes, mais interessados e empenhados em fazer o bem.

Enquanto o dono da festa cumprimenta os convidados, percebe que um deles não estava com os trajes de festa. Aceitou o convite, mas não quis fazer as mudanças necessárias para participar plenamente do banquete festivo. Nesse tempo, quem ia para festas importantes não precisava de roupa nova, mas tinha que estar limpa. Lavar a roupa nos remete para além de um tecido sem sujeiras e quer chegar até o nosso coração numa proposta de conversão, porque quem vive de aparências não pode entrar no banquete da vida.

Na segunda leitura do 28º Domingo do Tempo Comum, temos a palavra e o exemplo do apóstolo Paulo que, escrevendo aos filipenses, diz que, como cristão, soube viver na pobreza e na riqueza, na miséria e na abundância. Em todas a situações, soube se comportar como cristão. Com esse jeito de ser, encontramos muitos professores que doam a vida exercendo com mestria sua missão de ensinar, não deixando que as dificuldades do ambiente escolar os impeçam de avançar na missão que lhes foi confiada. Encontramos, também, uma multidão de médicos que fazem do seu ofício um verdadeiro sacerdócio, tendo em primeiro lugar o cuidado com a vida daquele que, está fragilizado à sua frente. Parabéns!

E voltando à parábola de hoje, como Igreja (noiva) que aceitou o convite para a festa, nós nos sentamos aos pés do Cordeiro (noivo) para ouvir sua Palavra e seu convite. A Palavra é o primeiro alimento que nos põe no caminho e não nos deixa cair na mundanização; o segundo é a Eucaristia que recebemos quando vivemos em comunidade. A mesa se reveste dessas duas realidades. Todos são convidados. Depois disso, receberemos a missão de ir pelas encruzilhadas e ruas para nos comprometer com os que continuam excluídos do banquete da vida.

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