Hoje respondo a essa dúvida do Reginaldo de Assis, de São Roque (SP): “Gostaria de entender melhor um trecho da Bíblia que encontramos na 1ª Carta aos Coríntios 14,34: “As mulheres estejam caladas nas assembleias, não lhes é permitido falar, mas estejam submissas como também ordena a Lei”.
Reginaldo, neste trecho bíblico, o apóstolo Paulo manda que as mulheres fiquem caladas nas assembleias, não permite que tomem a palavra e as exorta a serem submissas como ordena a Lei. E, quando quiserem se instruir sobre alguma questão, perguntem a seus maridos em casa. É inconveniente para a mulher falar na assembleia…
Sabe, meu irmão, é bom lembrar que, em todo o capítulo 14, o apóstolo fala sobre duas manifestações que se davam nas assembleias e encontros de oração da comunidade de Corinto: a glossolalia – ou dom de línguas – e a profecia. A glossolalia consiste em produzir sons ininteligíveis e palavras incoerentes numa espécie de transe. Este fenômeno ainda acontece em assembleias carismáticas hoje, e a Igreja, como fez Paulo, pede que seja evitado. Somente quem tem o dom de interpretar esses sons pode explicá-los, diz o apóstolo. Como eles pouco significavam para quem os ouvia e eram de pouca valia para a comunidade, o apóstolo naquele tempo e os bispos de hoje dão preferência à profecia, que consiste em discursos inspirados e compreensíveis.
Como na glossolalia as mulheres mais sensíveis e mais emotivas eram as que mais se manifestavam, o apóstolo simplesmente pede que se calem. E, como para ele as mulheres tinham que ser submissas aos maridos, ele as proíbe de profetizar também e que se instruam com os respectivos maridos. Quando Paulo fala que as mulheres devem ser submissas, conforme a Lei, ele está citando o livro do Gênesis, em que Deus, após o pecado dos nossos primeiros pais, diz à mulher: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio” (Gn 3,16)
Fica claro que Paulo, mais do que discriminar as mulheres, quer acabar com os abusos das orações em comum naquela comunidade. E, como para ele a mulher estava sob as ordens do marido, eram os maridos que mandavam, o apóstolo corta radicalmente a participação das mulheres e manda que elas resolvam suas dúvidas com eles.
Hoje, cresceu a consciência da importância da mulher na vida da Igreja, inclusive seguindo a prática do próprio Jesus. A figura de Nossa Senhora na história de nossa salvação valoriza a mulher esposa, mãe, catequista, missionária. Graças a Deus, não é mesmo? Um abraço, Reginaldo. Deus abençoe você e sua família.