Para responder a esta pergunta, precisamos, antes de tudo, lembrar o que é o pecado. Pecado é fechar o coração para Deus e para o irmão. É deixar-se guiar pelos critérios humanos e não pela Palavra de Deus. Pecar é desrespeitar a ordem inscrita por Deus no mundo. É desfocar a imagem de Deus impressa em cada pessoa humana pela violência, pela injustiça, por todos os tipos de escravidão, pelo desrespeito ao próprio corpo e ao corpo do outro.
A alegria, o divertimento, o encontro com os amigos, a participação numa grande celebração da vida que acontece no carnaval não é nem pode ser pecado. Deus é um pai amoroso que ama e conhece cada um de seus filhos pelo nome e ama a todos em conjunto. Qual o pai que não gosta de ver seus filhos felizes, não é mesmo? Deus é o pai por excelência. Nossa alegria, quando espontânea, quando pura, é alegria de Deus também. Nosso divertimento, quando não fere, não desrespeita, não avilta o outro, é bênção de Deus que nos refaz das canseiras da luta pela vida. O encontro de amigos, a festa partilhada, a música, a dança, antecipam a grande festa de amor e comunhão que acontecerá no final dos tempos, quando Deus for tudo em todos.
Por tudo isso, fica aqui um recadinho. Quem gosta aproveite os dias de carnaval. Pule, dance, cante. Mas, atenção! No final desses dias, ainda que o corpo esteja cansado, o coração tem que estar em paz. O rosto e o olhar devem estar cheios de luz. Nada mais gostoso neste mundo, nada mais bonito do que esta luz, fruto da certeza de que não se perdeu a comunhão com Deus e com o próximo.
Há os que não gostam de carnaval, ou porque, até com certa razão, veem nele ocasião de pecado ou porque acham vazios e sem sentido os pulos, os gritos, a cantoria, as fantasias. Destes, uns preferem o sossego de um sítio, de uma praia, ou mesmo do convívio familiar. Outros fazem dos dias de carnaval dias de silêncio e oração. Tudo bem! Para quem gosta e para quem não gosta… vivam o carnaval com alegria!