Há salvação para quem comete suicídio?

A Lúcia, de São Bernardo do Campo (SP), tem a seguinte dúvida: “Quem comete suicídio tem a salvação? Seu gesto será perdoado por Deus?”

Lúcia, o suicídio sempre foi reprovado severamente pela Igreja. Para a Igreja, firmada na Palavra de Deus, a vida é dom divino e, por isso mesmo, sagrado. Só a Deus cabe tirá-la. Tanto é assim que, por séculos, a Igreja encarou o suicídio como um pecado grave, um pecado mortal. Ao suicida foi negado o direito às celebrações fúnebres e às missas de 7º e 30º dia e de um ano de falecimento.

Com o avanço das ciências do psiquismo humano, porém, a Igreja precisou rever sua postura em relação ao suicídio. Diante do natural instinto de conservação, o suicídio passou a ser considerado fruto de uma situação de desequilíbrio mental.

Psicologicamente, o suicida não pode estar bem com Deus, consigo mesmo e com o próximo. Então, por que colocar limites na misericórdia de Deus? Por que condenar a um segundo inferno depois da morte alguém que em vida já estava num inferno tão angustiante, a ponto de se matar?

Esta consideração, minha irmã, me levou, no meu ministério de padre, a tratar com misericórdia os suicidas e orar por eles. E, se alguém ainda julga alguém condenado ao inferno por ter-se suicidado, entenda que por razão alguma devemos colocar limites à misericórdia de Deus. Fique com Deus, minha irmã, Lúcia.