Adolescente etíope narra sua odisseia de 16 meses como refugiado

Kelly L/Pexels

O refugiado adolescente da região devastada pela guerra de Tigray, na Etiópia, escapou por pouco de um afogamento no Mar Mediterrâneo. Mesmo assim, parado no convés abarrotado de um barco de resgate, Aber Hageria, 16, já pensava em como ajudar sua família quando chegasse à Europa. 

“Quero ajudar minha família. Trabalhar na Europa para lhes enviar dinheiro”, disse a bordo do barco-ambulância da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). “Tenho uma dupla responsabilidade: devolver-lhes o que me deram e tirá-los de uma região onde ainda há conflito”, acrescentou. 

A guerra de 17 meses entre as forças do governo e a Frente de Libertação Popular de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) criou uma crise humanitária no norte da Etiópia e provocou temores de fome na região, que está sob um bloqueio há muitos meses, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). 

Hageria foi retirado de um bote sobrecarregado com outras 101 pessoas na costa da Líbia, no dia 23 de abril. Ele é um dos 748 menores desacompanhados resgatados pelos barcos da MSF desde que sua missão começou em maio de 2021. 

“A guerra começou de repente. Fugi para salvar minha vida. Mas uma vez que saí, não pude voltar. Tigray está completamente isolada pelo governo central. Não há eletricidade, nem água, nem acesso à comida.” 

Com dois amigos e um telefone, ele cruzou a fronteira da Etiópia para o vizinho Sudão e, após uma odisseia de 16 meses, acabou chegando à Líbia. 

Ele pagou 9 mil dólares a contrabandistas para atravessar o Mediterrâneo, graças a um esforço coletivo de seus familiares. “Faz muito tempo que não falo com minha família”, disse. 

O Mediterrâneo central é a rota marítima mais mortal do mundo. Mais de 1.553 pessoas desapareceram em 2021 a caminho da Europa, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Fonte: UCA News 

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