Missa foi presidida pelo Cardeal Scherer, que ressaltou os exemplos de São João Maria Vianney e de Santo André Kim Degun para todos os padres
Em clima festivo, o clero da Arquidiocese de São Paulo foi recebido na Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, no Bom Retiro, região central da capital paulista, para comemorar o Dia do Padre, na quinta-feira, 4.
Ainda do lado de fora do templo, fiéis católicos de ascendência coreana que frequentam a Paróquia – dedicada ao primeiro sacerdote martirizado na Coreia, em meados do século XIX, quando tinha apenas 25 anos de idade – acolheram com alegria e solicitude a todos os que chegavam: bispos, padres, diáconos, seminaristas e demais convidados. Muitas paroquianas trajavam roupas típicas, a chamada hanbok, um vestido típico coreano, caracterizado por cores vibrantes, linhas simples e ausência de bolsos.
Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa, que foi concelebrada pelos bispos auxiliares das seis regiões episcopais e também pelos sacerdotes coreanos responsáveis pela Paróquia: Padre Pio Sang Soon Choi, Pároco; e Padres Yoseph Kang e Pedro Youngho Noti, Vigários Paroquiais.
Com transmissão ao vivo para a Coreia e com a presença de uma assembleia composta por fiéis de origem coreana, boa parte da celebração foi feita tanto em português quanto em coreano, por meio de tradução simultânea vocalizada ou pela exposição, por escrito, da tradução nos telões, incluindo trechos da liturgia, como leituras bíblicas e cânticos, além de pronunciamentos e agradecimentos.
No início da celebração, Dom Odilo passou a palavra ao Pároco, que, em coreano, deu as boas-vindas a todos.
“Quero acolher Dom Odilo, nossos bispos e nossos sacerdotes. Preparamos este dia especial com muito carinho; este dia é o nosso dia! Oro para que seja uma oportunidade de compartilhar entre nossos irmãos o amor de Cristo. Mais uma vez, agradeço a todos os presentes em nossa casa. Bem-vindos e obrigado!”
DESTACADOS SACERDOTES
Em seguida, Dom Odilo agradeceu as palavras de acolhida do Pároco e também toda a preparação para que aquele momento pudesse ser realizado, dirigindo sua saudação aos bispos, padres, diáconos e a toda comunidade coreana católica de São Paulo. Mencionou também a importância de dois destacados santos que foram sacerdotes.
“Quero recordar, hoje, São João Maria Vianney, grande padre; e Santo André Kim Degun, a quem esta igreja é dedicada, primeiro padre coreano, que foi martirizado com pouco mais de um ano de ordenação, no século XIX. A Igreja Coreana é muito recente e nós temos aqui uma comunidade coreana católica muito querida, muito dinâmica. Recordamos também os padres que não estão presentes, por diversos motivos, os doentes, os idosos, mas também queremos recordar os padres falecidos e colocá-los mais uma vez no coração de Deus, e recordar o Cardeal Cláudio Hummes, neste dia em que se completa um mês de seu falecimento, pedindo a Deus que o acolha e recompense por todo o trabalho dedicado à messe do Senhor”.
BONS TESTEMUNHOS SACERDOTAIS
Na homilia, o Arcebispo Metropolitano recordou que a celebração também era ocasião para que o clero arquidiocesano peregrinasse até aquela igreja, algo que deveria ter acontecido em 2021, ano em que se celebrou o bicentenário do nascimento de Santo André Kim Degun, mas que foi inviável em razão da fase mais aguda da pandemia de COVID-19.
“Esta é uma ocasião privilegiada para conhecermos algo mais sobre a vida da Igreja nesse país onde o Cristianismo bem depois que no Brasil e na América, mas já mostrou belíssimos frutos do Evangelho mediante o testemunho da Igreja na sociedade e mediante um grande número de Santos, sobretudo de mártires”, comentou.
Referindo-se a Santo André Kim Degun, o Arcebispo destacou que Santo André Kim Degun, foi sacerdote, mártir e honrou a Igreja Católica na Coreia e o seu clero. “Ele é o primeiro sacerdote católico nascido naquele país e foi um valoroso pastor, missionário e testemunha de Cristo durante o brevíssimo período de menos de dois anos de exercício do sacerdócio. A fortaleza do seu testemunho em favor de Cristo e do Evangelho, diante das perseguições e do martírio, fortaleceram a fé do povo cristão, que guarda a sua memória com grande veneração”.
“Da fé e do testemunho dos santos e mártires coreanos, também é herdeira a comunidade católica coreana de São Paulo, que se reúne nesta Paróquia, dedicada ao sacerdote e mártir Santo André Kim Degun. Quanto é preciosa a nossa fé, pela qual tantos deram a vida de maneira corajosa e generosa! É preciosa a fé que vós, caros amigos coreanos, recebestes dos vossos pais e antepassados, que trouxestes ao Brasil e também professais e testemunhais, juntamente com os demais católicos, nesta imensa cidade de São Paulo, dando-lhe as expressões próprias de vossa tradição e cultura”, prosseguiu.
O Arcebispo Metropolitano referiu-se ao Santo Cura d’Ars como “homem humilde e pastor generoso dos eu povo, sacerdote de grande fé, zeloso de sua missão sacerdotal no atendimento do povo, na celebração dos sacramentos, na catequese, na pregação, na caridade, na oração pessoal e na penitência”.
“Que o Santo Cura d’Ars e Santo André Kim Degun intercedam por todos nós e nossas comunidades, para que sejamos hoje, como eles foram no seu tempo, dos discípulos missionários do Evangelho de Cristo. Que o exemplo, a intercessão e a companhia dos santos Sacerdotes e dos santos e mártires nos fortaleçam na vivência diária do testemunho sacerdotal e de nossa missão. Não estamos sozinhos: estamos em boa companhia!”, concluiu.
O CATOLICISMO NA COREIA
No fim da celebração, Dom Odilo abençoou uma imagem de São Paulo Apóstolo que foi doada à Paróquia Santo André Kim Degun, como “sinal da nossa passagem por aqui hoje”, que foi acompanhada pela oração ao discípulo e missionário de Jesus Cristo que pregou o Evangelho aos gentios.
Em seguida, o Arcebispo pediu que a comunidade se manifestasse sobre a vida da Igreja na Coreia e seu padroeiro, Santo André.
Novamente, o Padre Pio, Pároco, tomou a palavra e afirmou que se sentia orgulhoso ao se comparar a Abraão, precursor da fé católica, pois se sentia igualmente honrado por estar à frente da comunidade. Agradeceu a presença de Dom Odilo, dos bispos auxiliares e de todos os sacerdotes presentes, mas também o fato de o Cardeal, no ano passado, por ocasião do bicentenário de nascimento do padroeiro, ter estabelecido e proclamado a Paróquia como local de peregrinação.
O Sacerdote lembrou ainda que os acontecimentos históricos do catolicismo na Coreia são peculiares se comparados a outras nações. A fé católica e sua divulgação foram implantadas e desenvolvidas na Coreia por iniciativa do povo, pessoas simples, e não por sacerdotes ou missionários. Os estudiosos, ao entrar em contato com os livros religiosos do Ocidente, entenderam e aceitaram o catolicismo como religião, não como estudo ou literatura, percebendo que os sacramentos somente poderiam ser ministrados por sacerdotes.
Assim, a comunidade católica começou a atravessar as fronteiras com a China para trazer sacerdotes à Coreia, mesmo correndo perigo de morte. “Quando trouxeram sacerdotes, a Igreja da Coreia ficou tão alegre como se tivesse experimentado o gosto do Paraíso”, afirmou.
Após a apresentação, houve uma apresentação cultural com tambores e a apresentação de um vídeo da Arquidiocese de São Paulo, em homenagem aos sacerdotes pelo seu dia, bem como de uma animação, feita pelos coreanos, com a história da vida de São Kim Degun.
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