Margarida Genevois celebra 100 anos de vida

Conhecida como a “Dama dos direitos humanos”, ela teve papel de destaque na Comissão Justiça e Paz de São Paulo, fundada por Dom Paulo Evaristo Arns, e em outras entidades de defesa dos direitos dos mais excluídos da sociedade

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Primeira mulher a integrar a Comissão Justiça e Paz de São Paulo (CJPSP), tendo presidido por três vezes este organismo criado em 1972 pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns (1921-2016), a socióloga Margarida Bulhões Pedreira Genevois completou 100 anos, na sexta-feira, 10.

“No começo, eu ficava até na sala de Dom Paulo. E recebia as pessoas que procuravam, pedindo socorro. Foi muito emocionante. A gente via de perto aqueles dramas todos e ninguém em volta tinha ideia, a pessoa não acreditava, familiares, amigos, ninguém acreditava que fosse possível, sabe? A censura e tudo mais… Às vezes, a gente chorava junto. Os dramas eram variados”, recordou Margarida, em depoimento ao Museu da Pessoa, em 2019, sobre o trabalho que realizou na Comissão Justiça e Paz de São Paulo, que ela integrou a partir de 1973.

Na autobiografia “D. Paulo Evaristo Arns – Da Esperança à Utopia, Testemunho de uma vida”, o Cardeal Arns escreveu que a Comissão Justiça e Paz “fez muito mais do que apenas defender milhares de pessoas que, apesar de inocentes, eram consideradas perigosas ao regime militar. Dezenas, senão centenas e milhares de brasileiros foram preservados da tortura e mesmo da morte por causa da ação decidida e corajosa de todos os membros dessa comissão valorosa que Deus suscitou no momento mais decisivo de nossa reação contra o regime totalitário”.

Uma missa em ação de graças pelos 100 anos de vida de Margarida Genevois foi realizada na noite da segunda-feira, 13, na Paróquia São Domingos, em Perdizes, na zona Oeste, com a participação de amigos e pessoas que conviveram de modo mais próximo com Margarida.

Ao final da celebração, a “dama dos direitos humanos” – assim também conhecida, pois além da CJPSP ajudou a fundar e a coordenar diferentes iniciativas em favor dos direitos dos mais excluídos da sociedade – agradeceu ao carinho de todos e a Deus pelo dom da vida.

“Não sei se poderia ter feito muito melhor, mas fiz o que pude. Eu sou grata a Deus por esta chance imensa de poder fazer essas não muitas coisas que fiz, mas que vocês, com muita generosidade, estão exaltando aqui. Obrigada pela amizade”, disse a jubilanda, pedindo aos amigos que jamais percam a oportunidade de ajudar a quem mais precisa e a promover a paz e amor no mundo.

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários