Cisterna vertical: Projeto viabiliza o reaproveitamento de água da chuva

Usando cano de PVC, de baixo custo, instalado em pequenos espaços, a cisterna beneficia 30 família e tem capacidade para armazenar de 370 a 550 litros de água da chuva

Cisterna vertical instalada na cidade de Recife (PE) por Antônio Lúcio Neto e universitários
Fotos: Arquivo pessoal

Da sala de aula para as ruas e caminhos estreitos da comunidade Entra Apulso, em Recife (PE), o desafio do professor Antônio Lúcio Neto aos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uninassau foi o de encontrar uma solução para os problemas da falta de água no território.

A comunidade com cerca de 10 mil habitantes está localizada na Grande Recife e é rodeada por 220 empreendimentos comerciais, entre eles o maior shopping da cidade.

Pensando no impacto social, na preservação e reúso da água da chuva, os alunos e o professor Antônio viabilizaram a construção da cisterna vertical usando canos de PVC, material de baixo custo, instalados em pequenos espaços, na parede das casas, garantindo, assim, o reaproveitamento e o armazenamento de água da chuva, para uso das famílias.

CAPTAÇÃO SUSTENTÁVEL

Já foram construídas 30 cisternas na comunidade Entra Apulso. A menor delas tem capacidade para armazenar até 370 litros, já a maior até 550 litros de água da chuva.

“Gosto de estimular os alunos a realizarem ações sociais de impacto às famílias em situação de vulnerabilidade e ao meio ambiente. A escolha das 30 famílias foi a partir da realidade de cada uma. Por exemplo, famílias que não tinham caixa d’água, famílias lideradas por mulheres, casas com idosos”, explicou o professor, que a partir de 2024 vai expandir o projeto para a cidade de Duque de Caxias (RJ), onde serão construídas inicialmente 60 cisternas com o intuito de beneficiar as famílias e de capacitar membros locais, a fim de garantir-lhes conhecimento e oferecer uma possibilidade de fonte de renda para as famílias carentes.

“A cisterna não ocupa muito espaço, pois é instalada na parede das casas. Para construir uma, é preciso de tubo de PVC 100 milímetros, calha e joelho de PVC de 90 milímetros, braçadeira e brocadeira”, detalhou o professor, destacando que elas são construídas pelos envolvidos no projeto e empresas parceiras que doam o material utilizado.

“Aqui em Recife, temos uma realidade de alagamentos durante as chuvas e, ao mesmo tempo, de falta de água. Em alguns lugares, as pessoas ficam até cinco dias sem água. O abastecimento é irregular e a cisterna vem para ajudar as famílias ao acesso à água para uso diário, não para o consumo doméstico [não pode ser ingerida ou usada para o preparo dos alimentos]”, destacou o professor.

“Esperamos que essas 30 cisternas se multipliquem e, em um futuro muito próximo, outros territórios vulneráveis tenham acesso a essa tecnologia simples”, diz o professor que está desenvolvendo a metodologia Micro Unidade de Desenvolvimento Articulada (Muda), com o intuito de promover o protagonismo comunitário com iniciativas e ações da própria comunidade, engajadas na sustentabilidade, cuidado do planeta e no bem-estar das famílias.

FAZER O BEM

Lorena Marinho Peixoto da Cruz, 26, estudante de Arquitetura e Urbanismo, é uma das alunas envolvidas no projeto da cisterna vertical. Ao O SÃO PAULO, ela detalhou como o projeto pode impactar a vida de outras pessoas.

“É fundamental sair da sala de aula para ouvir as pessoas, entender suas dores mais latentes e pensar em soluções que possam trazer melhorias para a vida delas, abrir horizontes. Nós entendemos que essas ações são apenas uma forma de melhorar a realidade da comunidade. No entanto, o poder público precisa e deve articular projetos para que as pessoas tenham a garantia dos seus direitos básicos”, enfatizou Lorena.

A estudante mencionou que a construção da cisterna vertical “consiste em um agrupamento de canos de PVC de forma vertical que são ligados à calha ou ao telhado das casas. Dependendo do espaço disponível, conseguimos agrupar até dez canos lado a lado.

O sistema também possui filtro para retirar as impurezas que possam vir dos telhados e torneira para a saída da água armazenada”, frisou.

Neide da Silva, uma das moradoras beneficiadas com a cisterna, agradece a iniciativa: “Antes, era muita água desperdiçada. Agora a gente vai aproveitar melhor. Essa ‘caixa-cano’, como chamo, é muito boa mesmo”, afirmou.

FAÇA A SUA PARTE PARA EVITAR O DESPERDÍCIO DE ÁGUA

  • Esteja atento a possíveis vazamentos. Uma torneira aberta gasta, em média, de 10 a 20 litros de água por minuto. Se ela estiver pingando, pode gastar até 1,5 mil litros por mês e, por ano, são 18 mil litros de água desperdiçada. Um vazamento no vaso sanitário pode resultar em um desperdicio de mais de mil litros por dia.
  • Evite lavar a calçada com mangueira.
  • Reaproveite a água da máquina de lavar roupas para limpar calçadas ou para lavar o carro. Um ciclo de lavagem de máquina pode consumir até 200 litros de água.
  • Ao escovar os dentes, utilize um copo para o bochecho. Com esse gesto, você pode economizar até 5 litros de água.
  • Reduza o tempo no banho. Com um banho de 5 minutos, você pode economizar até 200 litros.
  • Não deixe a torneira aberta enquanto esfrega as louças.
  • Instale um arejador nas torneiras. Esse pequeno dispositivo, facilmente encontrado em lojas de material de construção, mistura o ar com a água que flui na torneira, resultando em um jato eficaz para a limpeza, mas com o uso de menos água.
  • Se o ar-condicionado estiver pingando água, conserte-o ou coloque um balde embaixo e reutilize a água captada para outras atividades domésticas.

IMPORTANTE: Se for manter água guardada em recipien- tes, certifique-se de que sejam bem vedados, para evitar que se tornem criadouros do mosquito Aedes aegypti.

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Luiz Henrique Peixoto da Cruz
Luiz Henrique Peixoto da Cruz
4 meses atrás

Orgulho maior de um Pai é ver sua filha participando de um projeto importante!