Após onda de manifestações, governo do Irã anuncia extinção da polícia da moralidade

Foto: ANSA

“As mesmas pessoas que criaram a polícia da moralidade, a desmantelaram”, anunciou o procurador-geral do país, Hojatolislam Mohammad Jafar Montazari. Nos últimos anos, a ação desta polícia moral, fundada em 2005, foi fortemente criticada por suas prisões violentas contra jovens mulheres que não se vestiam adequadamente aos costumes do país, principalmente no que diz respeito ao porte do véu islâmico.

As manifestações começaram em setembro para protestar contra a morte, durante sua detenção, de Mahsa Amini, de 22 anos, presa pela polícia da moralidade exatamente por desrespeitar o uso do véu islâmico.

O surgimento de uma conotação política e uma violenta repressão também marcaram as manifestações que abalaram a república islâmica, ganhando visibilidade e movimentos de apoio em diversos países.

O Ministério do Interior iraniano informou no sábado, 3, mais de 300 mortes desde o início das manifestações, entre membros das forças de segurança, manifestantes e de grupos armados qualificados como contrarrevolucionários.

O procurador-geral também anunciou que o Parlamento, liderado pelo presidente Ebrahim Raissi, estaria avaliando uma modificação da lei sobre a obrigatoriedade do uso do véu islâmico, sem especificar, no entanto, em que sentido o texto será alterado. O resultado será divulgado em 15 dias.

De acordo com um deputado, a polícia poderia evitar as detenções ao aplicar multas pelo desrespeito ao uso do véu. Desde o início dos protestos, a presença de mulheres iranianas nas ruas, especialmente jovens, sem o véu e que não são abordadas pela polícia tem se tornado cada vez mais frequente.

Mais do que isso, desde então algumas mulheres têm sido vistas em público vestindo calças e jaquetas, e já não se propõem a usar nem ao menos lenços simples cobrindo a cabeça, para evitarem problemas com a polícia. (JFF)

Fonte: FRJ Brasil

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